E foi no século "das luzes", em 1881, que tiveram lugar na Rússia os primeiros "pogroms" - ataques, pilhagens e massacres nas aldeias de judeus -, perpetrados por multidões impelidas, ou consentidas, pelos próprios governantes. Outros se seguiram, por diversas terras, numa perseguição tão implacável como criminosa.
Insustentável era a vida para gente tão, raivosamente, maltratada.
Algo começou a germinar no humilhado coração do Povo Judeu. Os jovens sentiram o despertar nacional, a esperança alastrou pelos espíritos crentes, em febril ânsia duma pátria e essa só podia ser mesmo a bíblica Palestina.
Surge em França o caso "Dreyfus", oficial judeu do Estado Maior, degredado, e aquela França, bastião maior da justiça e igualdade, grita histericamente pelas ruas: "Morte aos Judeus"!
Theodor Herzl, um jornalista judeu que assiste a mais esta perseguição de seu povo, sente no peito a ferroada dolorosa da discriminação e serve-se, sem esmorecimento, da sua faculdade de brilhante escritor par alertar o Mundo, apresentando o problema judaico à opinião pública internacional. Se não foi Herzl o inventor do sionismo, que teve muitos precursores, coube-lhe o mérito de ser o primeiro a atrair a atenção mundial, discutindo aberta e corajosamente as causas do anti-semitismo.
Já, então, ondas de imigrantes procuravam a Palestina. De novo, a Terra Prometida! Entre eles, nos primeiros anos do séc. XX, ia David Ben Gurion, figura bem conhecida e que viria a ser o primeiro Presidente do Conselho da Nação Judaica.
A Língua hebraica que se não perdeu pelos confins do Mundo, foi o pólo de fusão dos judeus numa sociedade unificada, já que nunca deixara de ser para eles o dialecto da sua civilização, já que as suas orações eram rezadas nesse idioma.
Quando deflagrou a Primeira guerra Mundial, já os judeus haviam criado imensas povoações por terras da Palestina, perante a indiferença e descrença de muitos que, na Europa, julgavam irrealizável o sionismo.
Também aí surgiram as provações. Os otomanos não sucumbiram sem antes se voltarem contra os judeus, qual leão ferido que, em agonia, reúne as últimas energias para dilacerar quem estiver à sua volta. Mas, apesar de todas as contrariedades, era já um facto a fixação dos judeus na Palestina. E a Inglaterra compreendeu-o ao publicar a "declaração Balfour", reconhecendo o sionismo, em 211/1917. Talvez por isso, a Liga das Nações confiou à Grã-Bretanha o mandato daquelas paragens.
A administração britânica não quis, ou não conseguiu, satisfazer as aspirações judaicas: quando se esperava que os beneficiassem, adoptou uma política ambígua, favorecendo os árabes que, de início, se não haviam oposto ao sionismo e que, por força das "engrenagens" estrangeiras, vieram a ser seus inimigos declarados.
Muito longe estava a paz para o Povo Judeu. Na Europa, o sofrimento era constante e culminou no horrendo massacre de seis milhões (mais de metade da actual população portuguesa), de homens, mulheres e crianças, que Hitler, por loucura(?), entendeu não terem direito à vida por razões de descendência ou raça.
E, mesmo após aquele terrível holocausto, a Grã-Bretanha, já então em descarado namoro com os árabes (petróleo e interesses económicos a quanto obrigam!...), recusava aos sobreviventes da chacina nazi a entrada na Palestina.
Só a força inquebrantável dum Povo que procurava um modo de estar no Mundo foi vencendo os obstáculos.
E até a União Soviética, ciosa que era do domínio britânico no Médio Oriente, que temia ver perpetuado, e, talvez, só por isso, votou a favor da criação de Israel.
Continua em próxima postagem...