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quinta-feira, 1 de novembro de 2007

Espanto!

A actual Ministra da Educação, em declarações públicas, reconheceu resultados positivos alcançados desde 2004 mercê do aumento de cursos profissionais e da Reforma do Ensino empreendida por David Justino.
O que me espanta nem é tanto a eventual virtualidade das medidas do antigo ministro. Espanta-me, sim, é o facto duma ministra dum governo socialista vir a terreiro tecer loas ao desempenho dum seu antecessor doutro espectro político!
Espanta-me, sobretudo, pelo ineditismo do acto.
Num país em que, após a revolução, vamos assistindo, ciclicamente, os detentores do Poder alijarem a responsabilidade da falácia da sua governação nas medidas tomadas, nos diversos campos, pelos que os antecederam nos centros de decisão, as declarações da senhora ministra só podem mesmo causar espanto.
Numa retrospectiva breve, é fácil assumirmos que, mais do que governarem bem, as preocupações primeiras dos executivos, dos vários quadrantes, sem excepção, tem sido o, já mórbido, descartar o insucesso dos seus exercícios nos que antes passaram por São Bento.
Já provoca náuseas, por tão repetitivo este estratagema! E não devia ser assim! É uma regra miserável que só convence os incautos, os cidadãos menos avisados, que vão sendo administrados por forças partidárias de compadrios e caça-votos, na egoísta procura da satisfação das suas clientelas.
Não se pede que os sucessivos governos, os de ontem, de hoje e de amanhã, percam tempo com inócuos elogios aos que os antecederam, ou que se sintam, estrategicamente, obrigados a reconhecer-lhes os méritos como ora fez a Ministra da Educação. Pede-se, sim, é que governem bem e que, no fim de cada legislatura, nos apresentem resultados palpáveis e o rumo certo para um País que tem sido farto pasto da voracidade de grupos e lobbies. E que, sobretudo, não justifiquem os seus continuados falhanços com os hipotéticos erros de executivos passados, não poucas vezes, chegando ao ridículo de se desculparem com o negro fado dos tempos do homem de Santa Comba!
Só assim a classe política recuperará alguma credibilidade. Só assim um Povo pode confiar e votar, com alguma tranquilidade e sem a desconfiança generalizada, nos timoneiros que se vão perfilando, e falhando, na missão de levarem a bom porto esta velha barca que vai submergindo a custo, de naufrágio em naufrágio!
Mais do que partidos e de políticos comprometidos com clientelas, o que esperamos é gente capaz, competente e honesta, que saiba servir e não servir-se!