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sábado, 29 de setembro de 2007

Santanice...



Reconhecendo a força indutora das televisões junto do Grande Público, quais janelas abertas para o Mundo, considerando mesmo que uma pequena fatia da sua programação se reveste de cariz de serviço público, penso não termos motivos para nos espelharmos na sua difusa transparência e periclitante credibilidade.
Dão-nos continuados sinais duma incessante procura de imediatismo bacoco e descarado, com evidentes preocupações economicistas (imitando o Governo?), com o objectivo primeiro da manutenção das quotas de publicidade, que as sustenta. E é o futebol, são os escândalos do quotidiano, noveladas e quejandos, as meninas dos seus cofres.
E, mesmo o esbanjador canal público, por todos nós custeado, parece não estar imune a essa voracidade das audiências: bem nos lembramos, com natural apreensão, do inesperado corte da imposição de condecorações por parte do Presidente da República às figuras que, de algum modo, mereciam destaque e reconhecimento públicos.
Também não deixamos de nos interrogar se é positivo o seu contributo para a formação dos jovens, quando, em horário nobre - o chamado "tempo da família" -, assistimos a programas de violência gratuita e com outros conteúdos de discutível qualidade, quando os espectadores-alvo são, afinal, crianças a "gatinharem" a sua própria personalidade.
Somos, na actualidade, com sobejas razões, um Povo crítico dos políticos, no seu todo: pelo seu desempenho e dúbios comportamentos. A consciência nacional, que, espero, ainda se não desvaneceu de todo, não deixará de os julgar, e vem julgando, no tempo certo e local próprios.
Gostemos ou não de Santana Lopes, não pode um canal televisivo ser o braço justiceiro da franja da Sociedade que não morre de amores por este político, ex-Primeiro Ministro!
E interromper uma entrevista para que o convidaram para meterem no "embrulho" a chegada dum treinador de futebol (por mais milhões de libras que traga no alforge), por mais prestígio desportivo que haja granjeado por terras da Rainha, é, no mínimo, uma humilhação para o convidado, para além da falta de respeito por aquele e pelos espectadores que acompanhavam a entrevista!
Haja coerência e dignidade. Não façam de nós, enquanto espectadores, um rebanho de pacóvios, sempre dispostos a comer fardos de futebóis, noveladas e outra palha congénere, que nos servem, a granel, no estábulo do ecran!....
Assim, por mais controverso que seja este político, só me resta aplaudir a atitude de Santana Lopes. O seu gesto foi de coragem, de pundonor. Acredito na tese de que todo o indivíduo é sujeito de defeitos e qualidades...
Que, ao menos, sirva de exemplo ( e vergonha) para todos aqueles que passam o tempo a babujar à porta das televisões, ávidos de uma entrevistinha que, por qualquer modo, os promova, e que se sujeitam à humilhação dos desmandos omnipotentes destes figurões da Imagem!

E que sirva para uma reflexão profunda por parte dos responsáveis dos principais canais televisivos deste País!