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quarta-feira, 31 de dezembro de 2008

Cantigas de maldizer...


.... para um final de ano sombrio:

Ao ouvir mais uma notícia de assaltos a bancos, ocorreu-me que as instituições bancárias vêm sendo assaltadas por dentro e por fora.
E, se são diferentes os métodos, pois enquanto por dentro o são de colarinhos brancos por fora são-no de gorros esburacados, há sempre um ponto comum:
Nunca sabemos das quantias furtadas!







O Governo, reunido ontem em mais um Conselho de Ministros, resolveu alargar o ajuste directo de obras públicas até para lá dos cinco milhões de euros.
A justificação é poderem acelerar......
Como se o Zé se convencesse de que, com a mesma facilidade com que ora tomaram medidas para o ajuste directo (sem qualquer concurso público), não teriam abreviado as formalidades para o concurso público.
Com estes ajustes directos a determinadas empresas...por mim, já sei o que vai acelerar..........(se é que alguma vez abrandou...).


terça-feira, 30 de dezembro de 2008

O Salvador?

imagem: in PLENITUDE


Descansai, Professor Bambo e Adivinha Maya. Não terão em mim sombra de concorrência.
Pensei, e escrevi por aqui, - e vou puxar acima -, que, após as eleições naquele Arquipélago, seria resolvido, sem sequelas, o diferendo PR/AR, a propósito do Estatuto da Região Autónoma dos Açores. Falharam, em termos de resultado final, as minhas previsões. Como dizem os "expert" do desporto, no Futebol "prognósticos só no fim do jogo". E, se o Futebol não tem vingado nem se recomenda pela ética e verdade, e nos seus meandros de bastidores tem campeado a corrupção, o clientelismo e compadrio, é bem verdade que vamos tendo a percepção de que a Politica se não tem movido por águas mais límpidas. As previsões, assim, falham, por mais que nos surpreendamos. E falham mesmo aquelas que se apoiaram nas opiniões e análises dos mais consagrados constitucionalistas e juristas de renome. Não me preocupando com a falácia na substância da minha previsão, por não ter acertado num desfecho justo e recomendável para a estabilidade democrática, arrisco, com preocupação bem mais séria, no palpite dos desideratos que levam esta maioria socialista a afrontar, tão deliberadamente, o Presidente da República. - Procurou o PS a vitimização - que, por regra e de que temos exemplos, comporta bons dividendos eleitorais -, desafiando o PR a dissolver a Assembleia? - Ou, pior dos cenários, estará o partido da rosa no clímax da arrogância e da ambição, numa cavalgada, a qualquer preço, desafiando tudo e todos, para a restauração do partido único, de má memória? Não nos esqueçamos que, em tempos de crise prolongada, e a que vivemos já é bem anterior à mundial, aparece sempre um Salvador!
Lembram-se?
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Terça-feira, 28 de Outubro de 2008

Anticiclone

Imagem:http://akaoka.com/Image/Acores2.jpg
Nem o PS, autor da proposta, nem os restantes partidos com assento parlamentar, estariam na expectativa de que o PR promulgasse, sem mais delongas, o Estatuto Político-Administrativo dos Açores.

A mensagem de 31 de Julho do Supremo Magistrado da Nação e outros sinais eloquentes que se lhe seguiram, não autorizariam a que alguém ousasse imaginar Cavaco a ceder nos pontos da discórdia, centrados no artº 114º e nº 2 do artº 140º daquele diploma estatutário.

Não foram suficientemente fortes os avisos: estávamos em plena "caça ao voto" nas ilhas açorianas e as forças partidárias acantonadas em S. Bento não pretenderiam perder simpatia, popularidade, prestígio e eleitos naquela Região Autónoma.

E agora?

Agora, nada se passará de gravoso para a equilibrada relação entre os dois órgãos institucionais, nem será este braço de ferro que encavalitará as esferas da roda democrática (por mais gastos que estejam a ficar os pneus).

Quer o partido proponente, quer os da oposição no Parlamento, reconhecerão, na senda do que já vem sendo defendido por consagrados constitucionalistas, que o PR tem do seu lado a força da razão ao rejeitar as polémicas disposições do Estatuto.

Agora que as eleições dos Açores "já eram", está aberta a porta para que se procedam às alterações àquele diploma que, bem lá no fundo da Razão, a maioria dos deputados sabiam ser constitucionalmente necessárias e politicamente razoáveis.

E o que fica depois de tudo isto?

Fica nada. Para além dum breve e, provavelmente, pouco convicto esbracejar de César, que já não tem que se preocupar com o seu estatuto pessoal, ora revalidado, fica o reforço da convicção de que estamos mal servidos de legisladores. Que, mais do que leviandade e incompetência jurídica, pensam, redigem e decidem ao sabor dos interesses político-partidários do momento.

Quanto ao concreto, na actual situação e espaço temporal, a guerrilha institucional está fora dos horizontes, pois não interessará , nem aos desígnios do País, nem às conveniências políticas quer do Presidente da República quer do líder do partido no Governo.


domingo, 28 de dezembro de 2008

Planetas ou asteróides?


De há muito que vinha cogitando nisto. Agora que crise, ou pré-depressão, lhe levantou um pouco o véu, correndo o risco de me chamarem visionário ou lunático,
mais me convenço de que na maioria das democracias ocidentais, o Povo não manda nada (nadica de nada, como diria a minha comadre).
O Poder Económico é quem baralha e dá as cartas. É ele o Astro-Rei, ou Rei Sol, à volta do qual gravitam, quais baratas tontas, os Planetas Partidários, por ele próprio criados para o servirem e para dele se servirem.
Ou, como diria o merceeiro do bairro, trocando por miúdos: nas Democracias ocidentais deste tempo em que vivemos, é o Capital quem detém o Poder. Os Partidos Políticos foram por aquele criados para o servirem e para dele se servirem as clientelas do topo desses aparelhos políticos.
Depois, o Capital constipa-se e lá ficamos todos com receio duma pneumonia!

A coroa e o cocuruto




Os Principes das Astúrias, Felipe e Letizia, e, provavelmente, os da Holanda e Bélgica, entusiasmaram-se com o litoral de Moçambique e preparam-se para comprar ou construir residência de férias junto à Costa daquele país.
E eu, que eles me perdoem este assomo de inveja, maldigo a sorte madrasta de ser detentor apenas duma coroa que, de há muito, se vai perfilando no cocuruto da minha mona plebeia!

Numa época em que se proclama a Paz...


.... ninguém consegue evitar o ódio entre povos, a violência e a guerra fratricidas.
Já é lugar comum proclamarmos que todas as guerras são inúteis e desprezíveis. O conflito armado entre os homens do Hamas e Israel não deixa de ser tudo isso e uma manifestação evidente da intolerância e alguma selvajaria. Que não aproveita a nenhum dos lados em conflito.
Fomos ouvindo que o Hamas, após quebrar as tréguas acordadas, se recreou a disparar rockets, desde Gaza para território israelita, provocando vítimas.
Para além das noticias factuais, não ouvimos os habituais apelos à paz, no sentido de que aquela força irregular da Palestina cessasse as agressões.
Agora, que os judeus respondem às agressões, retaliando duma forma, que se diz de muita violência, aí temos os habituais paladinos da Paz e os senhores do Mundo, exigindo, apelando, aconselhando Israel a suster a agressão que ainda decorre.
Se numa guerra há sempre mais que um contendor, os apelos, as exigências, os apelos terão, forçosamente, de ter mais que um destinatário, para serem credíveis e obterem sucesso.
Numa guerra, nenhuma das partes em confronto é inocente!

quinta-feira, 25 de dezembro de 2008

É só um, o Sol sonhador?

Para lá da sua força e fonte de vida, habituei-me, desde cedo, a descobrir naqueles raios brilhantes algo de mítico e tela se sonhos insondáveis.
Porém, são dois os momentos mais marcantes, o encantamento quase só explicável pela metafísica, na minha já velha memória de vida.
Quando, ainda hoje, assisto à alvorada festiva do Nascer do Sol, afasto as teias do tempo e subo ao Monte da Senhora do Castelo, alto e sobranceiro, com Vouzela aos pés e abraçando Lafões.
Recordo, então, tenros anos, quando, em grupos de jovens madrugadores, num determinado dia do ano, subia ao Monte, desde a vila, sorvendo, até ao alto, o cheiro fresco das acácias floridas e o discreto aroma do rosmaninho.
Lá ficávamos todos, por alguns minutos, sob a protecção da capelinha, aguardando que os primeiros fios de luz rasgassem os píncaros das montanhas distantes.
E ei-lo que chega, apressado e jovial, rompendo a orvalhada primaveril com um sorriso cúmplice, a despontar no horizonte, com uma sinfonia de cores, festejado pelos chilreios da passarada em alvoroço.
Era o clímax dos nossos sentidos jovens. Sentíamos o palpitar da vida no despontar daquele dia de tradição antiga.
Descíamos, depois, o monte em direcção à vila, já com o sol a elevar-se numa festa de luz.

Os anos passaram, tudo é feito de mudanças. Outras rotas, mas sempre o sol a intrometer-se, em surdina, mas com a mesma autoridade mítica, na minha existência já quase adulta.

Demasiado madrugador, aquele sol quente do Índico, raras vezes permitia assistir ao luminoso parto. Quando iniciava o dia, já aquela bola de fogo, irrequieta, tremelicavas lá bem alto.
O encantamento da adolescência havia-se transferido com armas de sonhos, do Nascer para o Pôr-de-Sol, para o ocaso dos dias.
Ficava ali, estático, sentado no tronco do velho cajueiro, e deleitava-me com o recolher alaranjado do astro-rei. Via-o descer por entre os mangais, numas escadas de fios de ouro, por entre os ramos da mata frondosa.
E, quando se espalmava, em chamas dum vermelho vivo, no horizonte vasto, eram outros os aromas, os cheiros da terra, os silvos das aves, que não os do Nascer do Sol de outras épocas e de outras paragens.
Aqueles raios em chamas pairando nas nuvens altas e reflectindo-se numa manta alaranjada na pele fina e azul do oceano, transportavam-me a uma galeria de arte, numa mostra de quadros dos mais famosos pintores da Natureza Viva!
Mas, se aquele Nascer do Sol visto da Senhora do Castelo me apontava para futuro de vida, já aquele pôr-de-sol moçambicano, ainda que belo e exótico, me poderia, sem que o soubesse, transmitir a mensagem de que algo naquele Presente estava a caminho do fim.
E, no entanto, ambos os fenómenos, a tantas léguas de distância, me deixaram marcas de encantamento e me convenceram, definitivamente, que a Natureza como a Vida podem ser belas, quando as encararmos com todos os sentidos com que as divindades celestes nos dotaram. O sonho, incluído.
Mais: que o sol, correndo o mundo de lés-a-lés, é ele próprio, por direito, um eterno sonhador!

terça-feira, 23 de dezembro de 2008

Nas nossas vidas.....


... como nas dos macacos, há sempre alguém a tentar distrair-nos...

Palavras....para quê?

Uma saudação, com votos de Boas Festas, e um LOUVOR de cidadania para os elementos das Forças de Segurança que não são louvados internamente por temperarem boas saladas para os seus superiores hierárquicos, mas que, sem bajulices e panos de lustro, se esforçam e correm riscos diários para exercerem as nobres funções para que foram investidos: a segurança de pessoas e bens.

segunda-feira, 22 de dezembro de 2008

Já sabiamos....


.... mas o Procurador Geral Adjunto António Cluny, já o reconhece publicamente:

A Justiça não está preparada para punir os poderosos!

Pois, não! De há muito que somos confrontados com essa triste realidade. Os exemplos são vários e de todos os quadrantes e tipo de crimes.
E vai sendo tempo da Justiça se preparar para não se limitar a punir aqueles que não têm garras nem poder para a iludir. Num Estado que se proclama de Direito, há muito que urge que as leis sejam iguais para todos e que os emaranhados jurídicos tecidos com as últimas alterações ao Código de Processo Penal não sirvam para isso mesmo: dar trunfos a quem tem dinheiro para as delongas, os recursos, os apelos e quejandos, artifícios a que os economicamente menos poderosos não podem recorrer.
O Governo que dê exemplo, meios materiais e humanos para que Justiça que se prepare, sem demora, pois temo que a prolongar-se no tempo a sua incapacidade, esgotada a peculiar paciência do nosso Povo, cairá na rua o exercício do Direito.........e do Poder!


domingo, 21 de dezembro de 2008

O Vouga de Angola


Trinta e quatro anos depois, uma mãe reencontra o filho que, após 1975, abandonou Angola, onde nunca mais regressara por força da guerra fratricida que se seguiu à independência daquele novo país lusófono.
Os Portugueses, que , desde há muitos séculos, se aventuraram pelos mares e se enraizaram pelas sete partidas do Mundo, facto que a História não regateia, levaram até aos confins dos continentes a Língua, mas também um pedaço das terras que deixaram no rincão onde nasceram.
A propósito do comovente reencontro do cidadão angolano com sua mãe, na região do Huambo (ex-Nova Lisboa), em Angola, ora ocorrido, ficámos a saber pela noticia que naquela selva africana também existiu Vouga. Uma aldeia, com missão, que é hoje Cunhinga.
Já sabíamos, e por aqui escrevi, sobre a cidade de Moçãmedes, hoje Namibe, e que deve aquele primeiro nome a um governador daquela ex-colónia portuguesa que foi natural da aldeia beirã do concelho de Vouzela, onde me foi dada vida.
Foi a fibra e o arrojo dos lafonenses a aventurarem-se pelo Mundo, num espírito quase heróico que não se quedou no D. Duarte de Almeida!

Do C.M., .....com amor!


- Toma, Zé, é barato......ao preço dum papelinho na urna!

(Tem bem mais tecnologia que as frigideiras que o Valentão vos costuma oferecer!)

quarta-feira, 17 de dezembro de 2008

terça-feira, 16 de dezembro de 2008

A Lisboa boémia do séc.XIX





Do Cancioneiro do Bairro Alto:


Na terra da putaria
Houve ontem grande bulha
Veio de lá a patrulha
P'ro Carmo levar me queria
..............................................
Mas não me fez espantar
Que tinha vinho nas tripas
Peguei-lhe quatro chulipas
E depois toca a safar....

Um fado cantado por Rafael Roquete (in História do fado):

Quando me enrosco e me enlaço
Nos teus braços apertados,
Esqueço os meus negros fados
No perfume desse abraço;
Então, fatigado e lasso,
Vertigens sinto e tonturas,
Enquanto, querida, procuras
Enxugar os prantos meus,
Prantos dum prazer dos Céus,
As tuas tranças escuras.
Em curvas mansas, airosas,
Da cabeça aos tornozelos,
Vão descendo os teus cabelos,
Às ondas largas, preciosas;
Tem o perfume das rosas,
Da madressilva, e poejos,
Despedem negros lampejos
Como os mais negros brilhantes
São a gruta dos amantes
E o relicário dos beijos.

sábado, 13 de dezembro de 2008

Poetisa Glória de Sant'Anna


Autora de muitas obras poéticas, desde há muitas décadas, Glória de Sant'Anna deixou marca indelével em gerações que passaram por Pemba, aquela idílica cidade no Norte de Moçambique, e de quem foi Professora, em todas as vertentes educativas. Mestre, conselheira, amiga, arrebatou os corações dos jovens que tiveram a dita de serem seus alunos.

E é, Hoje, vulgar, nas reuniões, nos encontros e convívios das Gentes ligadas a Moçambique, a recordação saudosa daquela Senhora que, para além de educadora de mérito, transmitiu aos seus alunos a sensibilidade e a alma da sua poesia, impregnada das cores e dos cheiros daquelas terras do Índico em que as suas vida mergulharam.

Mas, para um conhecimento mais profundo de Glória de Sant'Anna e da Familia Andrade Paes, nada melhor que uma incursão amiga a território do pembista e, também, seu discípulo, Jaime Gabão, por aqui: http://br.geocities.com/andradepaes/

E, numa singela homenagem à grande mestre e poetisa, um poema seu, simultaneamente belo e singelo, em versos rimados no canto melodioso e singular dum MARAPI, aquele pequeno sapinho que pula irrequieto, de tronco em tronco, depois do cacimbo da noite ou das chuvas tropicais, de Moçambique e que, ora, fica por aqui a saltitar nas margens frescas deste meu Vouguinha, vaidoso por o receber no seu leito:









Pousado na fímbria
da sua música
marapi enche a manhã
da próxima chuva.

Sobre o talo verde
em que se apoia
é branco de jaspe
atento e redondo.

Olha-me e sabe
que sou um intruso
e garganta de oiro
murcha de súbito.

Mas está dado o aviso
por sua música
à longa transparência
toda húmida
Glória de Sant'Anna - in AMARANTO

E a mim, que não tive o privilégio de a ter como Mestre, sorte que apenas coube aos meus três irmãos, só por isso e pela sua sensibilidade e mestria poéticas, que soube transmitir aos seus filhos, me é permitido dizer-lhe:

OBRIGADO!

sexta-feira, 12 de dezembro de 2008

As combinações da Ministra


Notícia dum matutino, dá-nos conta dum episódio que retrata a realidade da Comunicação Social no nosso País no consolado de Sócrates e seu séquito governativo.

Nada que, por aqui, já não haja denunciado. Não é condição fundamental viver as situações. "Vemos, ouvimos e lemos", não podemos ignorar!

De forma sucinta: a Ministra da Educação e a sua colega com a pasta da Saúde, Ana Jorge, apresentavam o plano de combate à sida nas escolas. Acabada a cerimónia, e depois dos discursos da praxe, o jornalista da RTP, pela actualidade do tema, tentou formular uma pergunta a Maria de Lurdes Rodrigues, a propósito da "sua" guerra com os professores.

Foi, então, que o verniz estalou. Ana Jorge, indignada, saiu das trincheiras, em desfesa da sua "companheira de luta" e, logo ali, ali quis tratar da saúde ao jornalista e injectou-lhe a dose:


"O quê? O senhor não sabe o que está combinado? Que hoje só se pode fazer perguntas sobre esta cerimónia e sobre o plano de combate à sida nas escolas? Ainda por cima a RTP, a televisão pública, a fazer uma coisa destas. E, depois, logo à noite, não sai a reportagem"


Sem mais palavras, apenas acrescento que sejam de seda da China, de renda de Barcelos ou do melhor algodão da Índia, não é com estas combinações, com estas roupagens, que se tapam as partes púdicas da nossa prostituída democracia!

quarta-feira, 10 de dezembro de 2008

Defendam-se do Carjacking!


Façam como os nossos amigos angolanos!

Na falta de réptil, não procurem outro animal feroz para as bandas de S. Bento: aquelas feras só metem medo a Gente de Bem. Aos bandidos, corruptos e afins, não assustam!

segunda-feira, 8 de dezembro de 2008

Um Adeus a Alçada Baptista


Sem qualquer hipocrisia, mesmo não comungando e algumas das suas ideias, admirava Alçada Baptista enquanto vulto de inteligência e cultura. Como admiro todos os que neste País "macambúzio", se guindam aos píncaros do Saber!
Em 1997, reagi à sua proposta de alteração do Hino, mas fi-lo sem deixar de lhe reconhecer aqueles predicados, que fizeram dele uma estrela do nosso universo cultural.
E é em sua memoria e homenagem que transcrevo aquele "desabafo" de há dez anos. Paz à sua Alma!

Fora de órbita!
Acabei o último apontamento às voltas com Saramago e a "sua" União Ibérica!
Escrevi sobre os símbolos pátrios que, por o serem, merecem atenção e respeito. Sem dispensáveis fanatismos, mas com honra e, sobretudo, sem vergonha ou inculcados temores!
Respeitá-los é respeitarmo-nos enquanto concidadãos.
Reconheci sempre, sem rebuços, o valor dos intelectuais deste País, na seu exercício de vida de sublimação da mente, na inquietação da luta pelo pensar mais além.
O que não impede que questione, muitas vezes, e não concorde outras tantas, com alguns dos seus assomos, tantas vezes, estapafúrdios! Comparo-os, então, com as naves espaciais quando vão além da órbita da Terra: nunca sabemos o que vão encontrar.....o que dali vai sair!
Foi, mais recentemente, o Saramago, já havia sido Alçada Baptista, em 1997.
E o que, no ensejo, escrevi, já lá vão dez anos, tem plena actualidade. Há valores que são imutáveis e não se esboroam com o inexorável passar dos anos:
Ainda se não desvaneceram os ecos do inesperado brado do intelectual Alçada Baptista.
O pouco que ficou foi a estupefacção de muito boa gente, ao ouvir dum homem de reconhecida cultura, uma das estrelas cintilantes do nosso espectro intelectual, numa cerimónia em que era suposto serem exaltados os símbolos e valores da Nação, proposta tão desajustada!
É verdade que as opiniões pessoais só vinculam quem as defenda e salutar é que se respeite esse direito. Mas, perante uma afirmação daquele jaez, proferida em cerimónia oficial, quem pode ficar imune à crítica?
Vou recuar no tempo e passar, directamente, à "questão do Hino", procurar beber um pouco da sua história.
A marcha guerreira que, só após a tomada do Poder pelos republicanos, em 1910, veio a ser adoptada como Hino Nacional, foi composta por Alfredo Keil e Lopes de Mendonça, após o Ultimato Inglês de 1890.
Sabemos do aproveitamento político que os adversários da Monarquia fizeram deste evento: a marcha soava bem, ficava no ouvido, inspirava coragem revolucionária.
Natural foi que o público das revistas (teatro) - então muito em voga - saísse para a rua a cantá-la, após ouvirem os seus acordes no Teatro da Alegria.
Foi tal a colagem desta marcha aos ideais republicanos de então que veio a ser proibida pelo poder monárquico, em 1891.
Vir, agora, um nobel herdeiro dos pais da 1ª República, anti-monárquicos convictos, censurar a marcha que os seus ideólogos predecessores adoptaram como Hino Nacional logo após o triunfo republicano é, no mínimo, desconcertante.
Não creio que um monárquico, por mais fiel que seja à Causa, tivesse a torpe ousadia de o secundar!
Cabe aqui um parênteses: visto, com pragmatismo, mesmo a esta distância histórica, o Ultimato Inglês até nem foi tão nefasto para os nossos interesses coloniais de então, se atendermos ao contexto internacional, com muitos países ciosos das nossas possessões africanas.É que o tratado luso-britânico de 11/6/1891 confirmou a nossa soberania sobre extensos territórios que, reconheçamos, por falta de homens, meios e, talvez, vontade, não dominávamos antes. E esse ultimato acabou por ser a mola que fez despoletar o empenhamento pelo efectivo domínio desses territórios.
E volta a ser curioso como um facto histórico - o ultimato - que acirrou o ódio das massa contra a Monarquia, a quem acusaram de traição à Pátria, e foi o principal estandarte republicano de agitação popular, num pretenso assomo de portuguesismo colonialista, viesse a ser o embrião do Hino Nacional, hoje símbolo de respeito e união, quando sabemos terem sido os lídimos defensores dos homens da Maçonaria e da Carbonária de então, a apressarem-se, já nos nossos tempos, a defenderem com denodo e a provocarem, com pressa e grosseira precipitação, sem honra, sem glória e sem futuro para os Povos colonizados, a entrega desses territórios, os tais que se integravam no tão badalado Mapa-Cor-de-Rosa!
Mais valeria que os primeiros o tivessem feito então e antecipassem, em quase um século, o abraço à Europa que nos estava a ficar tão longe. Além do mais, teriam poupado muito sangue, traumas, suor e lágrimas, a milhares de heróis do mar!...
Com este pressuposto, sim, Lopes de Mendonça teria escrito outra letra para a marcha que Alfredo Keil compôs para fim de acto da revista política "Torpeza", em cena no Teatro da Alegria, já lá vão mais de cem anos.
Mas, é evidente, sem qualquer ironia, nenhuma destas constatações dá legitimidade, de qualquer natureza, a quem quer que seja, para alterar um facto histórico.
Não aceito, ninguém de boa fé o fará, que, ao sabor dos tempos e das marés, se vão substituindo (ou decapitando) estátuas, nomes de ruas, de monumentos, de obras de arte. Os factos históricos, positivos ou negativos, consoante a perspectiva de cada um ou de cada grupo, aconteceram na realidade, são marcas indeléveis no imaginário colectivo de cada nação e deles há ilações a tirar.
E é com factos históricos - positivos ou negativos -, que os membros duma Sociedade melhor se esclarecem para as grandes opções do futuro, enquanto interventores nos processos evolutivos.
Alterar ou suprimir o Hino Nacional só porque ele faz apelo "às armas" em tempo de paz, como pretendia Alçada Baptista, mais do que um acto gratuito, seria uma afronta à História.
Mas, ainda que se aceitassem os argumentos, supostamente, pacifistas do proponente, quem recusará reconhecer que necessitamos de armas, muitas armas, que não as da guerra, mas as económicas, de trabalho, de saber, com perseverança marcharmos contra os "canhões" que são os escolhos, os obstáculos, as lutas económicas, que se nos vão deparando na Europa do nosso destino?! Não é demagogia, é um desafio bem real e actual.
É que Alçada Baptista, de quem não descremos do elevado grau de cultura e iluminismo, não se compadecendo com imagens literárias ou não não reconhecendo que somos um povo de poetas, estava a condenar Camões no próprio dia em que lhe foi cometida a missão de o celebrar: o gigante Adamastor seria mesmo, e só, um monstro horrendo que devorava as nossas caravelas? O Velho do Restelo seria apenas, singularmente, aquele velhote rabugento que se postava no areal a praguejar contra a partida das nossas naus?
Nada disso, como é óbvio. Alçada Baptista deve ser um homem inteligente, que conhece o valor dos símbolos e das imagens. Pretendeu, com a sua proposta, uma centelha de luz dos projectores televisivos que lhe iluminem o crepúsculo de homem público?! Talvez.....
Por mim, mantenho que continuo a sentir-me bem ao ler, ouvir ou cantar toda a letra do nosso Hino e não me envergonho do orgulho que sinto quando onze jovens de equipamento verde-rubro o fazem em uníssono nos campos de futebol, ou quando a pequena Rosa Mota, a nortenha Fernanda Ribeiro, a morena Carla Sacramento, o entoam, com sentidas lágrimas nos olhos, enquanto desfraldam e acenam com a bandeira que sentem sua e de todos nós.
Bandeira que, mais do que o Hino, reúne em si séculos de história, pois se o esperançoso verde e o revolucionário vermelho lhe foram atribuídos pelos republicanos, os brasões, os castelos e a esfera armilar em muito os antecederam.
E, já agora, correndo o risco de a muitos ter de pedir perdão, aventuro afirmar que mais de 90% dos portugueses com menos de trinta anos não faz uma leitura plena dos símbolos da sua e nossa Bandeira.
Não os culpemos. Julguemos antes os complexos que se criaram quanto ao ensino da História nos bancos das nossas escolas. Gerou-se um sentimento de pavor em transmitir os eventos verdadeiros, as fases de glória e crise da Nação, e de tal forma que, tempo houve, em que soava a pecadilho político falar em Pátria!
Como se alguém tivesse medo da verdade histórica!
Certo é que as matérias de várias disciplinas foram bruscamente alteradas, mesmo a nível universal, pelos acontecimentos que foram ocorrendo de forma célere por todo o Mundo, mas não creio que fosse só essa a razão de tanto trabalho dado aos tipógrafos.
É que os "fazedores" de história do nosso país, nos primeiros anos pós-revolucionários, faltaram ao rigor, opinaram de mais e viram-se aflitos quando tiveram de informar e corrigir que, afinal, as maravilhas económicas do Leste, do Sol da Terra, por exemplo, tão profusa e apaixonadamente apregoadas nos compêndios, não passaram duma miragem, dum logro narrativo.
Nesse período, estudou-se mais a história de certos países predilectos, por conveniência revolucionária, que a de Portugal.
E os tristes resultados vêm depois.....alguns anos depois.
É certo, e justo reconhecê-lo, que antes da Revolução de Abril de 1975, mais do que o rigor histórico, o método de os transmitir deixava muito: era o culto da personalidade, em que, passe o exagero, era primordial saber da cor dos olhos duma Infanta ou se este ou aquele rei era bígamo ou beato, do que conhecer o cerne dos acontecimentos e dos ciclos evolutivos. Mas o estudo da História Pátria era exaustivo e, arrisco mesmo, comparativamente, menos tendencioso.
Ter-se medo que o Povo conheça profundamente a sua História, é temer a verdade. Quem teme a Verdade?

sábado, 6 de dezembro de 2008

Humor para fim de semana


Caiu-me na caixa de correio e, ao que parece, anda por aí, algures num galinheiro da net
CONTRA-MANIFESTAÇÃO!

O Pastel de Vouzela de parabéns!


Completa, hoje, dois anos de vida, este simpático lugar que tem como princípio assumido pugnar pelo progresso e qualidade de vida da Terra e Gentes de Vouzela.

Parabéns e nunca esmoreçam!

Mais pertinentes do que nunca....




....repesquei, pela actualidade:




Segunda-feira, 17 de Dezembro de 2007

Frases de ouro!


Há frases que valem por uma enciclopédia.
Algumas, como as que aqui reproduzo e proferidas por Marques Vidal, numa entrevista
concedida a um matutino, dependendo da perspectiva de quem as lê, obrigam à reflexão....e à preocupação.
Para mim, valem ouro. Pela substância e pela coragem:


quinta-feira, 4 de dezembro de 2008

Eles já andaram por aqui


E inevitável: por mais segurança que tenhamos, por mais carrapatos que os sentinelas eliminem, há sempre toupeiras mais tecnicamente evoluídas (e..., talvez, bem pagas) que invadem o nosso território virtual.

Resistindo a uma adequada fumigação , melhor que o exterminador implacável foi uma formatação para cortar a garra ao mamífero do subsolo.
Deu, e ainda está a dar, algum trabalho, mas carrapatos e toupeiras regressaram para o local de onde nunca deviam ter saído: a lixeira da net!

quarta-feira, 3 de dezembro de 2008

terça-feira, 2 de dezembro de 2008

Ontem, a sério, hoje......


..... para descontraír.


Do blog do meu amigo Pedro Cabeçadas http://faroleste.blogspot.com/, com a devida vénia:

Diz o povo que :- "De Espanha nem bom vento nem bom casamento"!

E o povo é sábio!A última que me contaram, e que vem de Espanha, é que os espanhóis também comemoram o 1º. de Dezembro!

Porquê ?"Porque se viram livres dos portugueses...."

segunda-feira, 1 de dezembro de 2008

Hoje é feriado?

Bem pela manhã, ao tomar a bica do despertar, a interrogação andava na boca ignorante de alguns frequentadores do Café: - Hoje é feriado, porquê?

Lembrei-me, debruçado sobre o balcão frio, numa retrospectiva às últimas décadas, que a Restauração da Independência foi passando despercebida à maioria dos Portugueses, sem direito às mediáticas celebrações na Assembleia ou em garbosos desfiles de rubros cravos.




Não esqueci, do mesmo modo, aquele deplorável cenário dum magote de pseudo revolucionários junto ao Largo Camões, já lá vão uns anos, a invectivarem e a lançarem raivosos assobios contra um punhado de simpatizantes monárquicos que, ordeiramente, celebravam a efeméride.


Quase tivera , naquele ano, a amarga percepção, errada, quero crer, de que a República se não revia no acto dos "nacionalistas" de 1640, só pelo complexo de que aquela Revolução libertadora
fora obra da Monarquia.


Pior, ainda, lembrei-me das atoardas de alguns sectores, auto proclamados intelectuais de esquerda, e outra fauna similar, que, deliberadamente, confundem "Pátria" com fascismo, enquanto entoam loas e batem acaloradas palmas aos seus ídolos das Caraíbas que defendiam, e defendem , "Pátria ou Morte!".


Ou os que, com estes, defendiam e apoiavam acaloradamente ( e bem), os nacionalismos africanos, ao mesmo tempo que, neste rincão continental, procuram meter no mesmo saco nacionalismo com xenofobia ou nazismo.


Quando me libertei destes pensamentos, o café esfriara e jazia junto à metálica e desprezível moeda de cinquenta cêntimos.


Era hora de passar um olhar breve pelos matutinos.



Nenhum deles fazia referência de relevo à comemoração deste feriado. Desfolhavam-se e mais parecia que hoje, 1 de Dezembro, era o Dia do BPN!
Da Revolução de 1640, pouco ou nada.

" Eis senão quando", ao desfolhar o C.M. nas conhecidas páginas "cor de rosa", sob o título VIDAS, lá para o fim do matutino, onde podemos saber do último namorado da Merche, dos kg de botox da Sara, das bebedeiras da Britney, das caganças e Chanel do Castelo Branco, surge o "nosso" Primeiro, de fato janota, estrela brilhante do sexteto da elegância europeia.


Quando regressei a casa, esfregando as mãos que o frio arrefecera, senti que está fatalmente congelada toda a Memória duma Nação com quase nove séculos. Que são outros os heróis que não aqueles que lutaram e deram vida pela sua Liberdade e Independência! E desiludido, ao constatar que das esferas do Poder só há apelos à união e ao nacionalismo, ao patrotismo, dos Portugueses, quando lhe são pedidos sacrifícios e exigidos apertos de cinto.


E vim para aqui escrever este amargo desabafo, para não ter que me libertar dum outro aperto, o da alma, e gritar, como sempre, porque a Pátria á um valor que esteve, está e estará sempre acima dos Regimes, dos cambiantes, do entulho e dos janotas da Política, mesmo daqueles que actuam como se a Democracia fosse uma coutada partidária :


Viva a Pátria! Viva Portugal Livre e Independente!