Bem que o título poderia ser Cavalgada pelo Poder ou algo semelhante.
Já iniciada a época da caça, a venatória, aí temos, mais precoce e evidente no próprio partido do poder, a abertura da caça ao voto.... e às bruxas!
Inevitável, também, sempre que se aproximam os actos eleitorais, dado o sinal de partida, o lançamento de algumas lebres para profusa fogachada que dispara em todas as direcções, a tudo que mexa ou faça sombra.
É toda uma disputa partidária, necessária e saudável em democracia, sempre que as contendas ideológicas esclareçam, proponham e tentem convencer os cidadãos, potenciais eleitores e únicas molas de acesso ao poleiro, das suas propostas e projectos futuros que visem o bem comum e mais justiça e equidade sociais.
Ninguém condenará, tão pouco, que se critiquem, nesta fase da campanha, em todas as ocasiões, as medidas, a obra, ou a falta dela, por parte dos eleitos, sentem-se eles nos cadeirões de S. Bento ou nas cadeiritas do poder local.
Desde que se não desfiram farpas pessoais, mas fundamentados ataques ao cargo institucional que uns e outros desempenham e representam.
Igualmente, compreendo e aceito, sem qualquer relutância que, no uso do livre direito de opinião, se critiquem com igual fundamentação, as opções editoriais dos órgãos de comunicação social, nacionais, regionais ou locais.
Deixando estes "considerandos" prévios, vou directo ao caso que despoletou este sacar da cavilha. E começo por transcrever, com a devida vénia, e reflectir, sem vénia nenhuma, sem que, para tal, esteja mandatado seja por quem for, na parte que interessa, um artigo de opinião assinado por Joaquim Mendes, Presidente da Comissão Política de Vouzela do Partido Socialista, texto que mereceu notório realce em mais e meia página do "Noticias de Vouzela", de 18/9/2008:
"Para que alguns dos nossos munícipes e leitores entendam, muito do blá-blá que a actual maioria PSD que governa Vouzela produz e de que é meticuloso arauto o Sr. Presidente da Câmara através do exagerado uso dos órgãos de comunicação social local - ambos, frequentemente, confundem notícia com propaganda, em toda e qualquer situação, adequada ou não à circunstância..."
Que eu saiba, em Vouzela são dois os órgãos de comunicação social em actividade: o Notícias de Vouzela e a Rádio local. Se me não posso pronunciar quanto a esta última, por força do meu afastamento geográfico, já quanto ao primeiro, porque o leio desde os já muito remotos anos dos bancos escolares, impele-me a consciência que contrarie as acusações (ou pressões?) do seu autor.
Até ao 25A, o NV era o que podia ser, condição comum a todos os órgãos de comunicação social. Respeitando os espartilhos legais foi, contudo, uma autêntica Carta de Família, com especial acuidade nos anos sessenta, em que, tal como Hoje, centenas de filhos da Terra viviam na Diáspora (aqueles mesmos a quem ora parece querem condicionar o direito ao voto...).
Após o 25A, esvaziado o PREC e ultrapassadas as utópicas alvoradas que cantavam no "Vouga Livre"(?), passem as boas, quiçá, ingénuas, intenções de alguns dos "usurpadores", o Noticias de Vouzela reapareceu (por curiosidade, muito por mérito de uma valorosa figura de quem o Sr. Joaquim Mendes no seu artigo enaltece a atitude enquanto Presidente da Câmara, o saudoso João Ribeiro).
E reapareceu com a notória preocupação primeira de continuar a levar as novas do Concelho e das suas Gentes a todos os seus emigrantes e vouzelenses não residentes, mas vestindo o fato novo que a Liberdade e a Democracia lhe proporcionava.
Sabe o autor daquele escrito, sei eu e todos os assinantes e leitores do Noticias de Vouzela que semanalmente o folheiam, que as suas páginas estão abertas e espelham as mais díspares sensibilidades políticas. Por lá se lêem artigos de opinião de toda a índole. E, inclusive, vários textos subscritos pelo Sr. Joaquim Mendes, que eu, muito sinceramente, leio com agrado, a propósito do Grupo Etnográfico de Vasconha (a terra dos meus "velhos" companheiros de Colégio, os irmãos Lurdes e Fernando Saraiva), dando justa nota daquele pólo cultural da freguesia de Queirã.
Foi assim, nestes últimos três anos.
Descobrir , agora, e de rompante, que o NV confunde noticia com propaganda, insinuando falta de isenção, não colhe em mim, nem colherá na esmagadora maioria dos leitores deste semanário regionalista, mesmo em muitos dos seus correlegionários mais amantes da verdade.
É que, para além do abundante e louvável noticiário que nos foi dando das Capuchinhas, não lhe faltaria naquelas páginas, estou certo, espaço para, nestes últimos três anos, entrar na liça política e, para lá de criticar as medidas da edilidade, por exemplo, denunciar e zurzir nos feitores das escabrosas medidas governamentais do cercear do direito à Saúde dos vouzelenses, na lei das finanças locais que asfixia muitas autarquias e outros desmandos e incumprimento da maioria das promessas.
Tendo todo o direito de vir, agora, dado o tiro de partida em Guimarães, iniciar o disparo local da campanha para as eleições que o seu Partido ora iniciou, com ou sem intenção, pressionando as livres opções editoriais do Noticias de Vouzela, bem à imagem do que o partido do Poder vem, de há muito, praticando nos órgãos de comunicação a nível nacional, é que não colhe....e cuja intenção não escapa ao leitor menos atento.
E, sem me querer imiscuir nas críticas insertas no seu texto, no que concerne à actuação dos órgãos autárquicos locais, de cuja Assembleia o autor do escrito faz parte e toma assento, limito-me a recordar-lhe que os potenciais votantes do Concelho de Vouzela de Hoje, já não são, desiludam-se os que pensam o contrário, os obedientes e resignados servos da União Nacional, aquela mesma que, ainda que com roupagens socialistas, o partido do poder parece pretender ressuscitar com recurso às pressões (do mesmo jaez da que aqui venho tratando), nem se subjugam perante actos persecutórios, arrogância e marketing agressivo, artimanhas políticas ou promessas por cumprir.
Não me alongarei mais, para além de lhe dar nota final do quanto me desagradou, por injusto, o ataque à comunicação local, especialmente no que respeita ao Noticias de Vouzela e de que entendeu fazer preâmbulo (recado ou pressão?), no seu primeiro prospecto de propaganda eleitoral em mais uma campanha.
E o que faço com toda a legitimidade de conciência, enquanto leitor de sempre do NV, mas também de cidadão que vive a Liberdade e a Democracia em grau suficiente para se não deixar engajar por qualquer grupo do nosso espectro partidário.
A minha independência partidária, por não me rever em nenhum dos actuais grupos do espectro politico que ora se degladiam, apenas me permite não engrossar o caudal abstencionista e ir votando naqueles cujas propostas e promessas eleitorais mais se aproximem da visão de que tenho duma Sociedade justa e equitativa, passem as desilusões e o logro em que, invariavelmente, vou caindo! E que, arrisco pela certa, o próprio autor do texto já sentiu.
E para terminar, para além de ter gostado do BLÁ-BLÁ. que ouço, por castigo meu, a todas as santas horas do dia, porque sinto, volto a repetir, que a acusação ao Notícias de Vouzela é infundada e injusta, espero mesmo é que a sua Direcção e corpo redactorial continuem na senda da isenção que têm demonstrado, por mais blá-blás que os pressionem!