"Se os antigos combatentes, que foram obrigados a lutar em África convencidos de que o faziam em nome da Pátria, são tratados de forma tão humilhante, como viremos a ser encarados nós, combatentes de Hoje, que somos compelidos a lutar em pátrias e causas alheias"?
Por estas ou palavras similares desabafava um jovem militar, quando, numa roda de amigos, se discutia o indisfarçável mal-estar que vai grassando nas nossas Forças Armadas.
Mais do que nos vencimentos, no corte na saúde e noutras regalias e direitos adquiridos e noutras compensações pela condição militar, o meio castrense sente-se maltratado, achincalhado na sua secular dignidade.
E, sentindo-se defraudado nos seus interesses pessoais e perspectivas prometidas, não deixa de sentir-se magoado, também, pelo desapreço que o Estado, a Sociedade e os governos vêm demonstrando, ao longo de décadas, por toda uma geração que verteu sangue, suor e lágrimas e a quem o Poder mandou lutar por terras que, teimosamente, lhes ensinaram serem parte da Pátria.
E se sabemos que para lá dos obuses, dos canhões, das metralhadoras, os soldados têm alma e pensamento, bem pode o senhor Ministro da tutela vir asseverar que o ambiente vivido no seio das Forças Armadas é sereno e normal, dando por garantia as informações das Chefias que nós, espectadores interessados, cremos tanto nisso, como acreditámos quando, em 1974, Marcelo quis convencer o Povo de que o beija-mão que a "Brigada do Reumático" lhe proporcionou foi sinónimo de que tudo estava em Paz nas F.A.
Com uma única diferença: que ora se não seguirá nenhum Golpe revolucionário.
Golpes, agora, e em democracia, só mesmo os que vêm a ser dados nos anseios quer dos militares, quer nos de todos os cidadãos deste País!