Bem pela manhã, ao tomar a bica do despertar, a interrogação andava na boca ignorante de alguns frequentadores do Café: - Hoje é feriado, porquê?
Lembrei-me, debruçado sobre o balcão frio, numa retrospectiva às últimas décadas, que a Restauração da Independência foi passando despercebida à maioria dos Portugueses, sem direito às mediáticas celebrações na Assembleia ou em garbosos desfiles de rubros cravos.
Não esqueci, do mesmo modo, aquele deplorável cenário dum magote de pseudo revolucionários junto ao Largo Camões, já lá vão uns anos, a invectivarem e a lançarem raivosos assobios contra um punhado de simpatizantes monárquicos que, ordeiramente, celebravam a efeméride.
Quase tivera , naquele ano, a amarga percepção, errada, quero crer, de que a República se não revia no acto dos "nacionalistas" de 1640, só pelo complexo de que aquela Revolução libertadora
fora obra da Monarquia.
Pior, ainda, lembrei-me das atoardas de alguns sectores, auto proclamados intelectuais de esquerda, e outra fauna similar, que, deliberadamente, confundem "Pátria" com fascismo, enquanto entoam loas e batem acaloradas palmas aos seus ídolos das Caraíbas que defendiam, e defendem , "Pátria ou Morte!".
Ou os que, com estes, defendiam e apoiavam acaloradamente ( e bem), os nacionalismos africanos, ao mesmo tempo que, neste rincão continental, procuram meter no mesmo saco nacionalismo com xenofobia ou nazismo.
Quando me libertei destes pensamentos, o café esfriara e jazia junto à metálica e desprezível moeda de cinquenta cêntimos.
Era hora de passar um olhar breve pelos matutinos.
Nenhum deles fazia referência de relevo à comemoração deste feriado. Desfolhavam-se e mais parecia que hoje, 1 de Dezembro, era o Dia do BPN!
Da Revolução de 1640, pouco ou nada.
" Eis senão quando", ao desfolhar o C.M. nas conhecidas páginas "cor de rosa", sob o título VIDAS, lá para o fim do matutino, onde podemos saber do último namorado da Merche, dos kg de botox da Sara, das bebedeiras da Britney, das caganças e Chanel do Castelo Branco, surge o "nosso" Primeiro, de fato janota, estrela brilhante do sexteto da elegância europeia.
Quando regressei a casa, esfregando as mãos que o frio arrefecera, senti que está fatalmente congelada toda a Memória duma Nação com quase nove séculos. Que são outros os heróis que não aqueles que lutaram e deram vida pela sua Liberdade e Independência! E desiludido, ao constatar que das esferas do Poder só há apelos à união e ao nacionalismo, ao patrotismo, dos Portugueses, quando lhe são pedidos sacrifícios e exigidos apertos de cinto.
E vim para aqui escrever este amargo desabafo, para não ter que me libertar dum outro aperto, o da alma, e gritar, como sempre, porque a Pátria á um valor que esteve, está e estará sempre acima dos Regimes, dos cambiantes, do entulho e dos janotas da Política, mesmo daqueles que actuam como se a Democracia fosse uma coutada partidária :
Viva a Pátria! Viva Portugal Livre e Independente!
NETOS DO VIRIATO
Há 4 horas