Numa visão pragmática do que se vem passando com o encerramento de maternidades, urgências de hospitais e assistência nocturna nos centros de saúde, qualquer observador mais atento, passem os propalados e retóricos propósitos de melhoria na prestação dos serviços de saúde aos cidadãos com que o Ministro da Tutela vem acenando, já ninguém, com isenção e em consciência, terá dúvidas: estamos perante uma medida economicista!
Sem que deixemos de compreender não estarmos num ciclo que permita o esbanjamento gratuito de fundos públicos e a nossa situação económica aconselhar ponderação no gasto dos dinheiros do Estado (de todos nós), não é menos verdade que o direito à saúde, consignado na Constituição, se não compadece com "poupanças" que sacrifiquem os serviços disponibilizados às populações com esse nobre desiderato e satisfação desse inalienável direito constitucional.
E, sem nos alongarmos com fundamentos já bem dissecados, sabemos que os "encerramentos" são, no concreto, medidas que debilitam os meios postos à disposição dos portugueses para o usufruto desse consagrado direito à saúde.
Não pode o Governo, em nome do Estado, encarar a Saúde como se fosse um Grupo Económico com fins lucrativos e mais valias, em que se mantém a funcionar as empresas lucrativas e se encerram as que não dão proventos!
É que, seguindo nesta lógica de rentabilidade e mais valias, sendo já tão elevado o preço da Educação, da Justiça, da Saúde para a bolsa dos cidadão que necessitem de recorrer a esses serviços públicos, é justo que interroguemos: qual o destino dos nossos impostos?
Já aqui questionámos, com profundo desagrado, o caso particular do encerramento dos serviços de atendimento nocturno nos Centros de Saúde e Vouzela e São Pedro do Sul, bem no coração de Lafões.
O luto instalou-se naquela região, por onde, impávido e sereno, continua a correr o Vouguinha.
E assistimos às pacíficas, mas sentidas, sem arruaça, sem "arrebanhamentos", mas com genuíno pesar, reacções dos habitantes, expressas em vigílias de protesto, muita tristeza e não menos repulsa.