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domingo, 30 de dezembro de 2007

Abanquem! Abanquem!


Não que perfilhe de muitos dos pontos de vista do Miguel de Sousa Tavares. Muito para além das banais diferenças clubísticas, o seu posicionamento perante determinadas questões, é factor de não poucas discordâncias. Do que ele pouco ou nada se importará, como é óbvio!...
A sintonia também acontece algumas vezes. O texto que reproduzo, é disso flagrante exemplo: está lá tudo o que eu próprio escreveria, se as musas que lhe inspiram a escrita, estivessem a banhar-se nas minhas águas:

Miguel Sousa Tavares in Expresso de 29 do corrente
Da Opus Dei à maçonaria: a incrível história do BCP
Em países onde o capitalismo, as leis da concorrência e a seriedade do negócio bancário são levados a sério, a inacreditável história do BCP já teria levado a prisões e a um escândalo público de todo o tamanho. Em Portugal, como tudo vai acabar sem responsáveis e sem responsabilidades, convém recordar os principais momentos deste «case study», para que ao menos a falta de vergonha não passe impune.
1-Até ao 25 de Abril, o negócio bancário em Portugal obedecia a regras simples: cada grande família, intimamente ligada ao regime, tinha o seu banco. Os bancos tinham um só dono ou uma só família como dono e sustentavam os demais negócios do respectivo grupo. Com o 25 de Abril e a nacionalização sumária de toda a banca, entrámos num período ‘revolucionário’ em que “a banca ao serviço do povo” se traduzia, aos olhos do povo, por uns camaradas mal vestidos e mal encarados que nos atendiam aos balcões como se nos estivessem a fazer um grande favor. Jardim Gonçalves veio revolucionar isso, com a criação do BCP e, mais tarde, da Nova Rede, onde as pessoas passaram a ser tratadas como clientes e recebidas por profissionais do ofício. Mas, mais: ele conseguiu criar um banco através de um MBO informal que, na prática, assentava na ideia de valorizar a competência sobre o capital. O BCP reuniu uma série de accionistas fundadores, mas quem de facto mandava eram os administradores — que não tinham capital, mas tinham «know-how». Todos os fundadores aceitaram o contrato proposto pelo “engenheiro” — à excepção de Américo Amorim, que tratou de sair, com grandes lucros, assim que achou que os gestores não respeitavam o estatuto a que se achava com direito (e dinheiro).
2-Com essa imagem, aliás merecida, de profissionalismo e competência, o BCP foi crescendo, crescendo, até se tornar o maior banco privado português, apenas atrás do único banco público, a Caixa Geral de Depósitos. E, de cada vez que crescia, era necessário um aumento de capital. E, em cada aumento de capital, era necessário evitar que algum accionista individual ganhasse tanta dimensão que pudesse passar a interferir na gestão do banco. Para tal, o BCP começou a fazer coisas pouco recomendáveis: aos pequenos depositantes, que lhe tinham confiado as suas poupanças para gestão, o BCP tratava de lhes comprar, sem os consultar, acções do próprio banco nos aumentos de capital, deixando-os depois desamparados perante as perdas em bolsa; aos grandes depositantes e amigos dos gestores, abria-lhes créditos de milhões em «off-shores» para comprarem acções do banco, cobrindo-lhes, em caso de necessidade, os prejuízos do investimento. Desta forma exemplar, o banco financiou o seu crescimento com o pêlo do próprio cão — aliás, com o dinheiro dos depositantes — e subtraiu ao Estado uma fortuna em lucros não declarados para impostos. Ano após ano, também o próprio BCP declarava lucros astronómicos, pelos quais pagava menos de impostos do que os porteiros do banco pagavam de IRS em percentagem. E, enquanto isso, aqueles que lhe tinham confiado as suas pequenas ou médias poupanças viam-nas sistematicamente estagnadas ou até diminuídas e, de seis em seis meses, recebiam uma carta-circular do engenheiro a explicar que os mercados estavam muito mal.
3-Depois, e seguindo a velha profecia marxista, o BCP quis crescer ainda mais e engolir o BPI. Não conseguiu, mas, no processo, o engenheiro trucidou o sucessor que ele próprio havia escolhido, mostrando que a tímida “renovação” anunciada não passava de uma farsa. E descobriu-se ainda uma outra coisa extraordinária e que se diria impossível: que o BCP e o BPI tinham participações cruzadas, ao ponto de hoje o BPI deter 8% do capital do BCP e, como maior accionista individual, ter-se tornado determinante no processo de escolha da nova administração... do concorrente! Como se fosse a coisa mais natural do mundo, o presidente do BPI dá uma conferência de imprensa a explicar quem deve integrar a nova administração do banco que o quis opar e com o qual é suposto concorrer no mercado, todos os dias...
4-Instalada entretanto a guerra interna, entra em cena o notável comendador Berardo — o homem que mais riqueza acumula e menos produz no país — protegido de Sócrates, que lhe deu um museu do Estado para ele armazenar a sua colecção de arte privada. Mas, verdade se diga, as brasas espalhadas por Berardo tiveram o mérito de revelar segredos ocultos e inconfessáveis daquela casa. E assim ficámos a saber que o filho do engenheiro fora financiado em milhões para um negócio de vão de escada, e perdoado em milhões quando o negócio inevitavelmente foi por água abaixo. E que havia também amigos do engenheiro e da administração, gente que se prestara ao esquema das «off-shores», que igualmente viam os seus créditos malparados serem perdoados e esquecidos por acto de favor pessoal.
5-E foi quando, lá do fundo do sono dos justos onde dormia tranquilo, acorda inesperadamente o governador do Banco de Portugal e resolve dizer que já bastava: aquela gente não podia continuar a dirigir o banco, sob pena de acontecer alguma coisa de mais grave — como, por exemplo, a própria falência, a prazo.
6-Reúnem-se, então, as seguintes personalidades de eleição: o comendador Berardo, o presidente de uma empresa pública com participação no BCP e ele próprio ex-ministro de um governo PSD e da confiança pessoal de Sócrates, mais, ao que consta, alguém em representação do doutor «honoris causa» Stanley Ho — a quem tantos socialistas tanto devem e vice-versa. E, entre todos, congeminam um «take over» sobre a administração do BCP, com o «agrément» do dr. Fernando Ulrich, do BPI. E olhando para o panorama perturbante a que se tinha chegado, a juntar ao súbito despertar do dr. Vítor Constâncio, acharam todos avisado entregar o BCP ao PS. Para que não restassem dúvidas das suas boas intenções, até concordaram em que a vice-presidência fosse entregue ao sr. Armando Vara (que também usa ‘dr.’) — esse expoente político e bancário que o país inteiro conhece e respeita.
7-E eis como um banco, que era tão independente que fazia tremer os governos, desagua nos braços cândidos de um partido político — e logo o do Governo. E eis como um banco, que era tão cristão, tão «opus dei», tão boas famílias, acaba na esfera dessa curiosa seita do avental, a que chamam maçonaria.
8-E, revelada a trama em todo o seu esplendor, que faz o líder da oposição? Pede em troca, para o seu partido, a Caixa Geral de Depósitos, o banco público. Pede e vai receber, porque há ‘matérias de regime’ que mesmo um governo com maioria absoluta no parlamento não se atreve a pôr em causa. Um governo inteligente, em Portugal, sabe que nunca pode abocanhar o bolo todo. Sob pena de os escândalos começarem a rolar na praça pública, não pode haver durante muito tempo um pequeno exército de desempregados da Grande Família do Bloco Central.

quarta-feira, 26 de dezembro de 2007

Na santa Paz...

(imagem: in CM, 26/12)

... do Sr. Ministro Rui Pereira, sentimo-nos rodeados de pacíficos anjinhos, esvoaçando pelo Porto, por Lisboa, pelas serras e vales deste Éden redescoberto.
Depois de o ouvirmos, ficámos a especular se a criminalidade não será pura invenção mediática e se terão sido os jornais, as televisões ou as rádios a, num assomo de crueldade, crivarem de balas o Gaiato, o Palha, o Ilídio, o Berto.....a assaltarem bancos, ourivesarias, multibancos, farmácias, e -sabe-se lá! -, a deixarem em cuecas o padre de Alijó, depois de lhe aplicarem o terreno castigo duma sova nada espiritual!
Mais, ficámos a pensar se o homem de Santa Comba, naqueles "negros" tempos não estava certo quando vergastava esses bandidos mediáticos com o chicote da Censura, para que Portugal vivesse na Paz dos Anjos e do Cerejeira! Mesmo sabendo que, nesse longo período, se faltava o pão e minguavam os "ladrões", não faltava a segurança na mesa dos portugueses.
E não deixa de ser caricato - ou talvez não -, que o Sr. Ministro, ao imputar aos meios de Informação um aumento da criminalidade, que diz não ser real, quase lhes faça um informal convite para que escamoteiem a informação, a bem dum sentimento de segurança e paz, bem ao estilo da "outra Senhora"!
Do que, convenhamos, poucos frutos colheria. As pessoas andam nas ruas, ouvem, vêem e crêem, vivem as situações dum inseguro quotidiano. São actores, protagonistas e figurantes deste filme! Não precisam de ser convencidas por securitários ou alarmistas.
Certo é que nem aos mais desatentos escapou que algo falhou no Porto na actuação policial e, sendo cometida à PJ a investigação dos crimes que foram abalando a noite da Invicta, não deixamos de estranhar que tivessem permitindo que a bola de sangue fosse aumentando, como se de neve fosse, sem que a derretessem em tempo oportuno.
De há uns anos a esta parte, fomos lendo nos matutinos, nos semanários, vendo e ouvindo nas televisões, acções de investigação por parte da PJ do Porto. Delas ressaltava alguma guerrilha com a PSP da cidade, expressa em investigações a agentes desta força menos escrupulosos ou que se excediam no zelo. Estamos, ainda, a lembrarmo-nos das frequentes notícias que nos davam conta da sua tenaz luta aos explosivos, numa invulgar saga que levou à Justiça homens que labutam extraindo da terra as pedras que lhe possam dar pão. Lia-se, como alarme justificativo, a apreensão de "Goma 2 EC", do mesmo tipo do explosivo utilizado nos atentados em Espanha. Estranha foi essa luta, quando sabemos serem os próprios espanhóis os fabricantes desse produto. Mais estranho é sabermos que, depois de tantas detenções de empresários, empreiteiros e operários, que publicamente se saiba, nem um grama de explosivo foi, ilegalmente ,vendido para aquela país vizinho. E, a crer, nas notícias profusamente difundidas pela Imprensa (de fontes seguras) a PJ do Porto empenhou vasto tempo, meios e dinheiro, num trabalho de investigação cuja prioridade se não entende.
A isto chama-se dispersar esforços, atenção e meios, em questões acessórias e não investir em acções do essencial. E o essencial, antes de tudo, é zelar pela segurança das populações da área de actuação de qualquer força. E as do Porto mereciam-na.
Não nos custa, pois, fazer uma leitura interpretativa do gráfico que encabeça este texto. Também compreendemos a actuação do PGR neste caso.
Sem prejuízo de que, no seu todo, sabermos que a PJ tem tido uma actuação profícua na luta contra o crime e não podermos deixar de reconhecer da competência dos homens que a servem e nos resultados positivos que vêm, globalmente, obtendo.
Urge, sim, livrá-la de alguns espartilhos legais que lhe tolhem a acção. E é nessa área que os senhores ministros e correlegionários parlamentares devem ser mais cuidadosos na feitura das leis processuais. Amarrarem as pernas dos agentes policiais com garrotes legislativos e exigirem que eles corram é que nunca resultará.
Mas, para que se lhes alargue o campo de actuação, com o poder de mais artifícios legais, é necessário e urgente que se invista nos meios e na formação, sobretudo nesta última. Para que o cidadão íntegro sinta que o policial que tem pela frente é a imagem da sua segurança e não uma ameaça aos seus direitos e à sua integridade.
E, no caso do Sr. Ministro Rui Pereira (PSP e GNR), se estiver atento, muito terá que investir; creio que nos meios, também, mas, e sobretudo, na Formação!

sexta-feira, 21 de dezembro de 2007

O Vouguinha deseja-vos Feliz Natal!



Para todos que, gostando, não gostando, por curiosidade, por simples acaso, por interesse, para os que terão vontade de me mandar às malvas, para aqueles que se interessam pelo que por aqui vão lendo, para aqueles que abominam as ideias que por aqui vou vertendo....e, até, para os indiferentes...para todos os que por aqui vão passando:
UM NATAL FELIZ!

segunda-feira, 17 de dezembro de 2007

Frases de ouro!




Há frases que valem por uma enciclopédia.
Algumas, como as que aqui reproduzo e proferidas por Marques Vidal, numa entrevista
concedida a um matutino, dependendo da perspectiva de quem as lê, obrigam à reflexão....e à preocupação.

Para mim, valem ouro. Pela substância e pela coragem!

domingo, 16 de dezembro de 2007

Com a União Europeia

É minha intenção reflectir por aqui a propósito da nossa integração na União Europeia. Irei fazê-lo em breve. Entretanto, porque a consolidação do processo europeu tem sido um processo evolutivo, mas lento, como convém a uma boa sedimentação com futuro, lembrei-me de alguns "escritos" que, ao longo dos anos, fui produzindo a propósito deste nosso inexorável destino. E que reproduzo, nas partes que interessam:

16/10/1989 - Viagem pelas sombras

"O consumidor nacional prefere a fruta estrangeira, ainda que mais cara, pelo seu melhor aspecto: é normalizada".

É uma das barbudas declarações do porta-voz dos fruticultores do Oeste (entenda-se Óbidos e região circundante).

Fastidioso seria descrever aqui todos os incidentes provocados pelo homem da fruta daquela produtiva zona por terem sido, fartamente, propalados pelos média do nosso Pomar.

Também não nos cabe entrar na liça por dá cá aquela maçã. Até porque, humildemente o confessamos, somos leigos na matéria. Só que há factos pontuais despoletadores da nossa curiosa atenção. Ninguém põe em causa o desagrado dos produtores, mormente o manifesto insuficiente apoio, a nível das estruturas estatais. Mas ocorre-nos interrogar: não tem o português o vitamínico direito de ferrar o dente numa maçã brilhante e suculenta, só porque ela é da estranja e custa mais uns patacos? Será obrigado, por ferrenho caseirismo ou ultrapassado chauvinismo, engolir uns ranhosentos peros colhidos, embalados e lançados no mercado sem qualquer selecção ou preocupação com a qualidade?

Nós, que não somos agricultores, passe a admiração que nutrimos por quem o é, já há muito vimos ouvindo e vendo os apelativos conselhos que lhes vêm sendo ministrados no sentido duma preocupação crescente com a qualidade dos nossos produtos, nomeadamente com a denominada normalização da fruta.

Logo: algo está a falhar! E onde falha? Poderá ser, em muitos aspectos, em muitos canais, nos do governo e nos dos empresários agrícolas, mas também será na procura do lucro fácil, rápido e volumoso, no maximizar da quantidade em prejuízo da qualidade, tão peculiar, aliás, nas nossas gentes.

E tudo isto quando ainda estamos na ombreira da porta do Mercado Livre, de plena concorrência, sem proteccionismos! É perigosamente sintomático o que está a acontecer. Muito nos machucaria, daqui a uns poucos três, quatro anos, vermos os portugueses comerem maçãs francesas e os porquinhos "Large & White", e toda a sua javarda família, engordarem à custa de toneladas de fruta lusitana!...

Se já agora, por tão pequena beliscadura no porta-moedas, se bloqueiam vias férreas, se barram estradas e se ameaça com marchas (à marselhesa) para derrubar governos, quando o confronto concorrencial for bem a sério (e sê-lo-á em breve), se não atentarmos nas medidas que urge tomar e até vêm sendo publicitadas, teremos qualquer coisa parecida com um ataque nuclear de ameixas a Bruxelas e a Estrasburgo.

Deixemos o Oeste e, porque a época é convidativa, vamos até ao Algarve, também na agenda pelas queixas dos hoteleiros da ausência de ingleses. Para os empresários de Restauração dos Algarves, é pressuposto que os bretões deviam ser sempre como as andorinhas: voltarem sempre, na Primavera, aos mesmos beirais e chaminés algarvias.

Também aqui, reconheçamo-lo sem tibiezas, de há muito que vem pesando a procura do lucro fácil, farto e imediato, a curto prazo, onde a quantidade, descoordenada, está a suplantar a qualidade.

E veja-se, só agora, num frenesim inusitado, os empresários hoteleiros do Algarve acenarem ao turismo interno: venham patrícios! Venham do Norte, venham do Centro, mas venham! E, talvez num sigiloso clamor: já que não há libras, qualquer escudo serve...

E porque os sirocos marroquinos são muito agrestes e estamos com pressa de passar pela Madeira, onde há sempre um jardim à nossa espera, iremos terminar esta viagem aos Algarves, com um episódio passado com o Alfredo rodando em Albufeira num mês de Inverno - época baixa -, já lá vão uns bons anos. Nos tempos de "outro" Algarve...

Já havia corrido a vila de lés-a-lés na procura dum restaurante que oferecesse preços compatíveis com a sua magra bolsa. -lo em vão e optou por procurar fora dela, numa estrada de acesso. Parou junto a uma denominada "Churrasqueira", de aspecto simplório, talvez à medida de si próprio e dos seus cabedais.

Era um salão amplo, bem decorado e limpinho, é justo reconhece-lo. Parou em frente do menu gigante, colado numa das colunas interiores. Só serviam grelhados; acompanhamento: saladas.

Estava-se a ver em palpos de aranhiço para escamar aquela Lista escrita em Inglês, quando o empregado, adivinhando-lhe a lusa origem, se aproximou e atirou, secamente: Tem ali uma Lista em Português! - e apontou, displicente, para uma outra coluna da sala.

E lá estava: os mesmos peixes, as mesmas saladas e, também: um sargo grelhado - 2.500$00.!

Foi então que rodopiou nos calcanhares e virando-se para o empregado, que o seguira expectante e lamentou, na Língua de Camões: - Ora Malvinas! A Lista está em Português, mas os preços continuam em Inglês!....e saiu, com apressado desalento, pela porta fora, com mais ligeireza de que entrara. Iria continuar na procura do impossível...

Finalmente, já chegámos à Madeira! Aqui corre uma brisa mais macia, refrescada pelas águas onduladas, dum azul muito vivo.

E, fatalismo ibérico, voltámos à fruta. Desta feita, são as bananas. Dizem-nos por aqui que há crise de fartura. Paradoxo dos nossos tempos: a banana é de mais e fala-se em crise!

- E não é só cá, não senhor! Então não é que um diário da capital o reza assim!

E rezava mesmo: "A banana da Madeira está a atravessar uma das usas maiores crises de sempre. Pode mesmo dizer-se que a pequena ilha se afoga numa excessiva produção que não consegue escoar".

Atente-se no dramatismo desta notícia e, sem entrarmos mais uma vez a jogar em terreno que não é o nosso, pergunte-se por este Portugal, de Norte a Sul, se a fartura é tanta assim. Mas pergunte-se, sobretudo, se os preços desta fruta nobre já baixaram a barreira dos 200$00/Kg!

- Ah....isso é que eles não querem. Antes deitá-la ao mar! - o que, se bem me lembro, já não seria inédito.

Já que andamos pelas Ilhas, vamos acabar esta viagem nas exóticas paragens açorianas.

Na Sexta-Feira, 11 de Agosto (de 1989), a RTP lançou para o ar mais uma jornada dos bem imaginados e divertidos Jogos sem Fronteiras. Não podemos, em abono da verdade, descrer do mérito que toda aquela nossa Juventude vem demonstrando, especialmente quando é preciso pôr o físico em evidência. Até ganhámos alguns jogos, como veio a acontecer em Tomar.

Só que perdemos um jogo que tínhamos obrigação de ganhar, porque falhámos onde não devíamos ter falhado e, pior, ficámos em último lugar. E não foi por culpa dos marinheiros, que estes mais pareciam símios adestrados, saltitando de mastro em mastro, lá pelos Céus do Convento de Cristo! Foi, como vimos e, pasme-se, como aquela rapariguinha, com os ores nas mãos, abanando o ignorante rabinho e agitando os braços trapalhões, frente àquele mapa gigante, do tamanho do Estádio do Sacavenense, não soube localizar o Arquipélago!

Quanto a nós, espantados, defronte do "ecran" pequenino, trememos de triste aflição e vergonha quando a concorrente colocou o cartão das ilhas açorianas na África do Sul!.... E escondemos a cara, não fosse estar por ali um açoriano a espreitar pelo buraco da fechadura....

Navegámos, depois, de regresso ao Continente, onde aportámos no Cais de Xabregas. Lá andava, por entre as gaivotas, o pensativo Diamantino, o homem que grita há uns bons quatro anos estar vivinho da Silva, enquanto os organismos oficiais afiançam a sua morte.

E vivinhos continuamos nós, mesmo depois desta atribulada viagem, com força bastante, mas com não menos receio, pelo que fomos vendo nesta viagem, da grande Volta europeia, neste Mercado Comum. O tema já está estafado, mas teremos nós o "engenho e arte" para sabermos tirar proveito dessa senhora Europa que nos espera?

Deixámos o Cais a pensar, agora, se o sonho germano de outrora não estará, em grande parte, a ser concretizado, ou melhor: não estarão, Hoje, os alemães a conseguir, com armas económicas, aquilo que sob a bandeira do "nacional-socialismo", o seu odioso cabo de guerra não obteve nos anos quarenta, com recurso a tanques e canhões e a toda a sua conhecida crueldade?

Mas a Europa está mesmo aí, passo a passo, a caminho da união plena! Destino de que, pensamos nós, não nos poderemos alhear, para não perdermos, mais uma vez o comboio, ultrapassadas que foram algumas alucinações terceiro mundistas...

quinta-feira, 13 de dezembro de 2007



Não podemos calar
Plágio em Moçambique

Ainda sobre este tema, relevando que, até ao momento, não houve qualquer justificação ou pedido de desculpas por parte do/s plagiador/es, permito-me transcrever - e subscrever -o novo post no ForeverPemba do Jaime Gabão sobre aquele condenável atentado aos direitos de autor:

Cabe indagar:
É respeitada a propriedade intelectual em Moçambique ?
Quem contratou a editora sul-africana Black Sheet para editar o livro plagiador da capa ?
Qual o papel ou responsabilidade da Imprensa Universitária no caso ?
Que ações foram tomadas até ao momento para reparar a deplorável atitude e compensar moralmente Rafael da Conceição ?
Porquê, mesmo impedida, a Imprensa Universitária, à revelia do Rafael da Conceição, permitiu o plágio ?
Porquê, na denúncia do plágio, não foi utilizada a mesma força divulgadora empregada efusivamente aquando do lançamento do "Docência e Investigação"(livro origem do plagio) ?
Recebem o demais intelectuais e escritores moçambicanos, por parte da Imprensa Universitária ou de quem a dirige, sem excepção, o mesmo tratamento e prioridade na publicação de suas obras, que receberam Marilda da Silva e Luiz Cezerilo ?
Os responsáveis pelo plagio ou seus mandantes, continuam a abrigar-se na omissão e no silêncio, tentando banalizar , "abafar" o irregular ato. Lastimável, inqualificável e péssimo exemplo para os jovens de um Moçambique que se deseja de futuro justo e ético !

quarta-feira, 12 de dezembro de 2007

Imagens de África

A propósito da Cimeira, editei este clip com imagens do imenso Continente Africano, apoiando-me em fotos de livros que vou guardando, e revendo, numa romagem de saudade e revisita aos lugares que preencheram grande fatia da minha juventude. É naquele exótico continente que Moçambique pulsa de vida à procura dum futuro promissor para o seu Povo!

terça-feira, 11 de dezembro de 2007

Europa-África

Temos sido implacáveis críticos desta governação.
Não esquecemos que, na medida em aumentam os níveis de criminalidade e emagrecem as estatísticas do Ministro das Polícias, se agravam os assaltos do Fisco à bolsa dos portugueses, sem que desses sacrifícios se vislumbrem resultados palpáveis que nos augurem um futuro menos sofrido.
Também não ignoramos que, passe a agudização do furor economicista dos actuais governantes deste País, desde que Portugal assumiu a Presidência da U.E., somos um Estado à deriva, onde os ministros disponíveis se limitam a navegar à vista, com lemes de algum autismo e não pouca arrogância.
Somos um Povo triste, sofredor, acabrunhado, a quem vêm roubando a esperança.
Não surpreende que o Primeiro Ministro e os seus pares não estejam imunes à galopante desconfiança que vamos nutrindo pelos políticos e pelas políticas.
Saibamos, porém, em nome do intrínseco e tradicional sentido de justiça das lusas Gentes, reconhecer o relativo êxito conseguido na Cimeira Europa-África, e do incansável empenhamento pessoal de José Sócrates.
Como ele, também cremos que, na nossa confrangedora "pequenez", ser o nosso País a ponte ideal para a ligação entre os dois continentes. Algumas das proeminentes figuras africanas o reconheceram publicamente.
Pesam, em nosso favor, enquanto Povo, numa Europa de passado colonialista, trunfos de algum humanismo, tolerância e abertura às mais diversas culturas, que não tiveram paralelo noutros impérios do velho continente.
De todos esses factores soube Sócrates aproveitar-se para, em nome da União Europeia, num diálogo que eu temia paternalista, mas que decorreu, como ele próprio bem frisou, entre iguais, estabelecer plataformas de entendimento que, para além das relações económicas (um objectivo sem resultados imediatos), alcancem desígnios globalmente aceites e em que pontua o respeito pelos Direitos Humanos.
Não foi o fim da jornada. Foi o primeiro passo que urgia ser dado.
E Sócrates deu-o!
E se poucos ou nenhuns pontos marcámos em África, ficámos credores de mais algum respeito nesta Velha Europa que sempre nos tratou com indisfarçável sobranceria.
Os mais atentos não terão deixado de se aperceber que se, internamente, temos um Primeiro Ministro ensimesmado e com tiques de incontornável arrogância, para consumo externo temos um diplomata cordato e dialogante.
Ainda assim, senti-lo-íamos redimido se o seu Governo adoptasse como práticas caseiras, e em plenitude, as sugestões que diz ter transmitido aos seus congéneres africanos: democracia, paz e segurança e respeito pelos cidadãos e pelos seus direitos.
Enquanto tal se não verificar, não deixarei, enquanto cidadão, de o comparar ao Frei Tomás!

sábado, 8 de dezembro de 2007

JAMAIS!


Nem discuto a oportunidade da lembrança dum deputado, a propósito da já célebre frase do Ministro das Obras Públicas "Na Margem Sul, jamais!".
Também não é o que mais aqui importa. Importa, sim, avaliar a que extremo pode um político chegar.
A mentira está institucionalizada, na Sociedade e no Estado. Mente-se, sem pudor, sem ética, na justa medida em que os sucessivos governos prometem e não cumprem; em que acenam com benesses e progresso e de quem só colhemos afrontas e estagnação.
NA MARGEM SUL, JAMAIS!
Senhor Ministro Mário Lino, "lemos, ouvimos e cremos, não podemos ignorar!" O senhor disse a frase com toda a dentição que traz presa nas mandíbulas!
E, ao menos nesta Quadra que se desejaria de Paz e de Verdade, ouça-nos e passe o recado aos seus pares:

NÃO MINTAM, JAMAIS!

quarta-feira, 5 de dezembro de 2007

Guerra 7

Mais um episódio da "Guerra" que me "camuflou", a mim e a muitos milhares, alguns anos da juventude:


(Transmitido pela RTP I - 4/12/2006)

domingo, 2 de dezembro de 2007

RESTAURAÇÃO




ONTEM:

Escreveu-se e falou-se de futebol, do Benfica-Porto, das melenas do Nuno Gomes, das sapatadas do Bruno Alves, dos palpites do Jesualdo, dos desígnios do Camacho.
Escreveu-se e falou-se da vinda do ditador Mugabe, das indecisões da nossa diplomacia à rabujice teimosa do Primeiro Ministro Inglês.
Escreveu-se e falou-se da Greve Geral de Sexta, dos magros números do Governo, dos números gordos dos sindicatos.
Escreveu-se e falou-se das eleições na Ordem dos Advogados e, também, da Merche, da Maya, do Castelo Branco, da Floribela, dos Morangos....
E, até, se escreveu e falou do aniversário do Saramago, o homem da União Ibérica, da presença do Ministro da Cultura de Espanha à ausência da portuguesa.

Pouco ou nada se escreveu ou falou das razões do feriado, da efeméride que o sustenta no calendário nacional!
Para além de uma centena de rapazes do PNR, que apenas se representam a eles próprios, que outras celebrações nos foram dadas a conhecer?
Portugal perdeu a memória e vai perdendo a identidade.
Embandeira em arco com Tratados Europeus, enquanto a consciência nacional se esboroa em menoridade dependente e estende, para fora, para longe, os braços cansados de corpos à mingua, esquecendo, na atroz voragem duma asfixia global, as próprias raízes que o sustentam enquanto Nação de séculos!
Glosando o poeta:
Pátria minha, gentil, que te partiste tão cedo desta vida, descontente.....