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terça-feira, 11 de dezembro de 2007

Europa-África

Temos sido implacáveis críticos desta governação.
Não esquecemos que, na medida em aumentam os níveis de criminalidade e emagrecem as estatísticas do Ministro das Polícias, se agravam os assaltos do Fisco à bolsa dos portugueses, sem que desses sacrifícios se vislumbrem resultados palpáveis que nos augurem um futuro menos sofrido.
Também não ignoramos que, passe a agudização do furor economicista dos actuais governantes deste País, desde que Portugal assumiu a Presidência da U.E., somos um Estado à deriva, onde os ministros disponíveis se limitam a navegar à vista, com lemes de algum autismo e não pouca arrogância.
Somos um Povo triste, sofredor, acabrunhado, a quem vêm roubando a esperança.
Não surpreende que o Primeiro Ministro e os seus pares não estejam imunes à galopante desconfiança que vamos nutrindo pelos políticos e pelas políticas.
Saibamos, porém, em nome do intrínseco e tradicional sentido de justiça das lusas Gentes, reconhecer o relativo êxito conseguido na Cimeira Europa-África, e do incansável empenhamento pessoal de José Sócrates.
Como ele, também cremos que, na nossa confrangedora "pequenez", ser o nosso País a ponte ideal para a ligação entre os dois continentes. Algumas das proeminentes figuras africanas o reconheceram publicamente.
Pesam, em nosso favor, enquanto Povo, numa Europa de passado colonialista, trunfos de algum humanismo, tolerância e abertura às mais diversas culturas, que não tiveram paralelo noutros impérios do velho continente.
De todos esses factores soube Sócrates aproveitar-se para, em nome da União Europeia, num diálogo que eu temia paternalista, mas que decorreu, como ele próprio bem frisou, entre iguais, estabelecer plataformas de entendimento que, para além das relações económicas (um objectivo sem resultados imediatos), alcancem desígnios globalmente aceites e em que pontua o respeito pelos Direitos Humanos.
Não foi o fim da jornada. Foi o primeiro passo que urgia ser dado.
E Sócrates deu-o!
E se poucos ou nenhuns pontos marcámos em África, ficámos credores de mais algum respeito nesta Velha Europa que sempre nos tratou com indisfarçável sobranceria.
Os mais atentos não terão deixado de se aperceber que se, internamente, temos um Primeiro Ministro ensimesmado e com tiques de incontornável arrogância, para consumo externo temos um diplomata cordato e dialogante.
Ainda assim, senti-lo-íamos redimido se o seu Governo adoptasse como práticas caseiras, e em plenitude, as sugestões que diz ter transmitido aos seus congéneres africanos: democracia, paz e segurança e respeito pelos cidadãos e pelos seus direitos.
Enquanto tal se não verificar, não deixarei, enquanto cidadão, de o comparar ao Frei Tomás!