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sexta-feira, 1 de fevereiro de 2008

Colarinho branco


Já por aqui escrevi a propósito do alerta para o "Polvo" gigante avistado pelo Bastonário da Ordem dos Advogados.
As reacções à sua denúncia pública não se fizeram esperar. Dependendo das fontes, e das docas, sectores há que o dizem alarmista e nada conciso, enquanto outros, talvez o grosso dos descomprometidos, se revêem nas suas denúncias e tecem loas à sua frontalidade. Estes últimos, os que compreenderam o cerne das manifestadas preocupações do Presidente da República.
Sem apontar nomes, por vínculos de personalidade ou para se não ver envolvido nas teias jurídicas, ("o feitiço contra o feiticeiro"), mas reportando inegáveis casos concretos de reconhecida opacidade, no mínimo de duvidosa ética, faz-nos reflectir como os políticos vêm, inexoravelmente, e em ritmo acelerado, desde há algumas décadas, imolando a própria Política que abraçaram, fazendo sua.
Tudo sem que a malha da Justiça haja, até agora, capturado peixe graúdo.
A imagem, palpável e pública, que vamos tendo dessa luta anti-corrupção tem-se limitado àqueles banais, e até ridículos, casos de peixe miúdo, de mãos untadas por um interesseiro almoço, um par de botas, um chocolate ou uma garrafa de verde embalada em acetinado papel natalício. É pouco, não é nada. A corrupção não mora aí!
Entretanto, por rios caudalosos, milhões de euros mudam de porto perdem-se nas enxurradas de entrincadas negociatas, em que se movem intocáveis figuras.
Se, como já propalavam os nossos ancestrais, o exemplo vem de cima, não se dispersem os investigadores e as magistraturas no arranjo das fraldas da camisa. Concentrem-se e dêem rápido arranjo nos colarinhos brancos!