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quinta-feira, 30 de abril de 2009

Arte nas estações

Bem representativos da principal actividade das suas Gentes, os painéis de azulejos que decoram as paredes da estação de PINHÃO, no Alto Douro, são uma tela viva de todo o labor que precede, em meses, a chegada do denominado Vinho do Porto às pipas de Gaia.
É o grande Porto que armazena, bebe e exporta, mas é nas já distantes margens e arribas do Douro que aquele néctar secular é produzido.
Estive, por várias vezes, em Pinhão e penitencio-me por não ter feito uma visita àqueles quadros pintados com a mestria de quem sabe e conhece os segredos daquela região vinhateira.
Valeu-me uma objectiva amiga para que, para mim, aquela mostra de arte viva não ficasse perdida no Cais dos comboios.
Eis as imagens!

quarta-feira, 29 de abril de 2009

A morte dos majores

Com o livro 10 da colecção "Os Anos da Guerra Colonial", hoje posto à venda, de autoria de Matos Gomes e Aniceto Afonso, vem, como já é habitual, mais um pequeno fascículo. Este, intitulado "A morte dos majores", relata-nos as circunstâncias macabras em que perderam a vida três majores, um alferes e três guias, todos desarmados e que haviam combinado um encontro para diálogo com comandantes locais do PAIGC.
Vítimas de balas e de profundos cortes com armas brancas (catanas ou punhais), os corpos foram encontrados, no local da cilada, horrivelmente mutilados, num arrepiante espectáculo que só veio a ter horripilantes semelhanças com o recente assassínio de Nino Vieira, que era, ao tempo da morte dos majores, um dos mais prestigiados comandantes e membros da cúpula daquele movimento.
Curvo-me, quase 40 anos depois, à memória daqueles "soldados" a quem nem tão pouco foi dada a oportunidade de morrerem de armas na mão, pois o seu combate era o da busca da Paz!
Crimes de guerra que são, afinal, manchas colectivas nas consciências das partes em confronto e, sobretudo, nas daqueles que, isoladamente, praticavam actos que iam para além dos seus deveres de combatentes, à revelia dos códigos e da sua condição humana!
Que repousem em Paz, estas e as muitas vítimas daquela guerra e que os lembremos nós, ex-combatentes, já que a Pátria, ao que parece, há muito os esqueceu!

terça-feira, 28 de abril de 2009

Mundo com Arte

Em HUMPI, na Índia:


segunda-feira, 27 de abril de 2009

Venha a entrevista...






... e que sejam mitigadas as saudades!

Ilustrada com uma fotomontagem, o CM de hoje dá-nos a notícia que Sócrates estaria disposto a ser entrevistado por Manuel Luís Goucha, de quem se recorda muito, com muita saudade...
Sendo Goucha um popular animador na grelha de entretenimento da TVI, com especial notoriedade, nas últimas semanas, no programa de cantorias infantis daquela estação televisiva, não vislumbro melhor interlocutor para a entrevista ao nosso jovial Primeiro Ministro!

Que nem uma luva...

domingo, 26 de abril de 2009

A questão da semana


"Todo a Gente pensa e fala em deixar um planeta melhor para nossos filhos... Quando é que 'pensarão' em deixar filhos melhores para o nosso planeta?!?!"

sábado, 25 de abril de 2009

O "VELHO"

Numa intervenção televisiva, que não a do vídeo que acompanha este post, alguém comentava num Bar, ao ouvir Medina Carreira: "Este velho parece saber o que diz!".
Na verdade, com ou sem acerto, este homem, que já foi Ministro das Finanças, vem, no mínimo, demonstrando uma inusitada coerência na sua perspectiva político-económica deste País.
Hoje, dia de cravos e festa, em que, se por mais não fosse, rejubilamos com a Liberdade adquirida, mas que é também momento de preocupações e incerteza no futuro,
fico a interrogar-me se não estaremos em breve, chorando baba e ranho, à boa maneira portuguesa, lamuriando e reconhecendo que o "VELHO" TINHA TODA A RAZÃO!
Espero bem que não, mas......

Mais um episódio da Guerra Colonial/Ultramar

O 6º da 2ª Série, que a RTP vem transmitindo.

Boa fatia deste episódio foi dedicado aos FLECHAS, uma tropa irregular, que foi comandada por Óscar Cardoso, em Angola.

Na década de noventa, por imperativos profissionais, tive ocasião de estar com Óscar Cardoso, no seu recanto do Alentejo. Depois de longas conversas, não tive dúvidas que estava perante uma pessoa que, para lá duma educação esmerada e cultura muito acima da média, denotava uma serenidade e maneira de estar na vida muita ponderada e sem complexos do seu passado.
Tivessem sido quais fossem as suas actividades profissionais, decorrentes da carreira que abraçou,e que lhe vieram a custar anos de prisão já na era dos cravos, não lhe percebi qualquer réstia de mágoa ou ressentimento, antes me surpreendeu a sua visão da vida e da sociedade bem mais próxima da verdadeira democracia do que muitos que apregoam e dizem sua, sem que a pratiquem.

E foi ele próprio quem melhor explicitou a estrutura e a missão dos "Flechas" no contexto da Guerra em que estivemos envolvidos nos ex-territórios portugueses de África, no texto autobiográfico, que transcrevo:

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Depoimento de Óscar Aníbal Piçarra de Castro Cardoso

Nasci em 10 de Junho de 1935, em Lisboa.

Pertenci à Mocidade Portuguesa, ingressei nesta organização de juventude quando era aluno do Colégio Moderno. Ingressei na Legião Portuguesa quando frequentava o Instituto de Estudos Ultramarinos. Tive que interromper os estudos para prestar serviço militar na Índia Portuguesa, em 1959/60.
Pertenci depois à GNR, até 1965, altura em que ingressei na PIDE.
Em 1966, fui para Angola. Em Serpa Pinto, criei os Flechas inspirado nas obras de Jean Larteguy; Spencer Chapman, “The jungle is neutral”; Lawrence da Arábia, “The seven pilars of wisdom”; Mao Tse Tung, “A guerra revolucionária”; Sun Tze, “ A arte da guerra”.
Em 1968, foi-me atribuído o Prémio Governador-Geral de Angola.
Estive em Moçambique em 1971 e 1972. Em 1973, em Carmona.
Quando regressei a Lisboa, em fins de 1973, com o posto de inspector-adjunto, fui colocado na Direcção dos Serviços de Informação, coordenando a informação em Angola e Moçambique.

Aquando do 25 de Abril, fui preso e permaneci detido em Caxias, Peniche e Alcoentre durante dois anos.

Após ter sido libertado, fui para a Rodésia onde trabalhei na formação dos Sealous Scouts, uma versão rodesiana dos Flechas e no CIO (Central Inteligence Organisation).
Em 1977, fui para a África do Sul, onde servi nas forças armadas, força aérea, saindo com o posto de coronel.
Também trabalhei nos Serviços de Inteligência Militar do Exército sul-africano.

Desempenhei funções como chefe de segurança VIP.

Em 1991, regressei a Portugal.
Em 1992, foi-me atribuída uma pensão vitalícia por serviços relevantes prestados à Pátria. Essa pensão foi-me suspensa recentemente.

1.
Em Angola, comecei por chefiar os Serviços Reservados, em Luanda. Era um trabalho no âmbito da segurança interna. Eram coisas do género: se um indivíduo pretendia tirar uma licença de uso e porte de arma, procurava saber-se se tinha antecedentes criminais.
Depois, passei para a secção de contra-espionagem, um serviço que designávamos por GAB. Aí tinha contacto com informadores estrangeiros e com informação realmente secreta. Permaneci no GAB alguns meses.
De seguida, andei por diferentes subdelegações de Angola, sobretudo onde havia problemas. Acabei por ficar com um conhecimento global da Província, desde Cabinda às «terras do fim do mundo», o Cuando-Cubango. Viria a ficar sete anos seguidos no Cuando-Cubango, um sítio admirável, de onde tenho recordações maravilhosas. Chefiei a subdelegação de Serpa Pinto.

2.
Um dia, em Luanda, conheci o administrador Manuel Pontes. Estava quase na reforma. Falamos prolongadamente. Falamos sobretudo de uma região que ele conhecia muito bem: as «terras do fim do mundo», cognome dado ao Sudeste de Angola por Henrique Galvão, no livro «Outras Terras Outras Gentes».
Disse-me uma enorme quantidade de coisas sobre uma minoria étnica, a que nós chamávamos os bosquímanos, que habitava no Cuando-Cubando. Como eu havia frequentado o Instituto Superior de Estudos Ultramarinos, tinha tido algum conhecimento dessa etnia.
Decidi que iria para esses lugares inóspitos e fascinantes.
O director da PIDE em Angola, Aníbal São José Lopes, concordou e disse-me: «Sim, senhor. Você pega no administrador, damos-lhe uma compensação monetária, e você vai para as terras do fim do mundo fazer uma prospecção sobre o que esses bushmen poderão dar, qual será o rendimento que eles poderão ter em operações de guerrilha.»

3.
E lá fui, com a minha mulher e o administrador Manuel Pontes. Atribuiram-me um velho Land-Rover.
Os bushmen eram indivíduos com uma forma de vida ainda primitiva, faziam ainda o fogo por fricção. Eram muito magros e pequenos, excelentes caçadores.
Na região do Cuando-Cubango, este povo era trocado e vendido como se de gado se tratasse. Muitos eram nómadas e outros escravos dos sobas bantos.
Os bushmen tinham um grande respeito pelo administrador Manuel Pontes e tratavam no por Tata K'Hum, que significa «o pai dos K'Hum», que eram eles. K’Hum é o nome com que os bosquímanos se designam a si próprios. Quando o viam, aproximavam-se. Com a ajuda de intérpretes conseguíamos falar com eles. Eram indivíduos esqueléticos e subalimentados.
Pontes dizia-me: «Se os treinarem, se os alimentarem bem, estes indivíduos podem ser de grande utilidade.» Pela minha parte, e por aquilo
que lera, estava plenamente de acordo. Começámos a dar-lhes treino de tiro, em 1967. Mais tarde, tiveram instrução de Karaté, dada por um mulato nosso amigo que era “cinto preto”. Primeiro, eram apenas oito. Depois eram muitos – a minha infantaria ligeira, ligeiríssima.
No Cuando-Cubango, um território duas vezes e meia maior que Portugal, a PIDE tinha diversos postos chefiados por agentes de 1ª classe, agentes de 2ª classe, chefes de brigada.
Também nos apoiavam nas coutadas de caça. Usávamos os bushmen como pisteiros, no que eram excelentes. Decifravam todos os sinais com uma eficácia extraordinária. Nós aproveitámos essa capacidade singular deles.
Começámos a utilizá-los para obter informação. Conseguiam permanecer no terreno por períodos de tempo incríveis e levando muito poucos meios de sobrevivência com eles. Habituados desde crianças a esgravatar, a viver do nada, tinham uma capacidade nata para se alimentarem, para descobrirem água. Ora, num espaço inóspito como aquele, muito pouco habitado, o menos de Angola, estas capacidades eram de uma utilidade extrema.
No princípio, iam apenas armados de arco e flecha, flechas envenenadas, em que eles eram exímios. Também a sua compleição física não era muito adequada a outro tipo de armas mais modernas. O objectivo era apenas recolher informação mas se a coisa desse para o torto... Quasi nunca traziam ninguém vivo, apenas documentos e armas, por vezes.
Os resultados começaram a ser bastante interessantes. Passámos a poder disponibilizar aos militares uma quantidade e qualidade de informações que lhes permitia operar com maior facilidade e eficácia. Aliás, devo dizer que, na Última Guerra de África, a PIDE funcionou como anjo da guarda das Forças Armadas.
A população era uma espécie de bola de pingue-pongue no meio da guerra. A população que dava apoio aos terroristas era forçada. E maior parte do apoio logístico dos terroristas vinha da Zâmbia.
Os acampamentos terroristas ou ficavam no início do rio ou na confluência de dois rios. E isto era assim porque eles não podiam passar sem água, e também por uma questão de facilidade de referenciação entre eles.
Os bushmen iam lá e, por vezes, eram recebidos a tiro. Então e com apoio das Forças Armadas, começámos a treinar esses bushmen no Cuando-Cubango, no campo de trabalho do Missombo, que tinha sido um campo de recuperação de terroristas, e que nada tinha a ver com a PIDE. O treino consistia fundamentalmente no uso de armas modernas. Conhecimento e táctica do terreno não era preciso – já eram exímios nisso.
Assim se deu início e essa força paramilitar conhecida por Flechas.

Começámos a ter problemas de excesso de voluntários porque muitos queriam pertencer. Como eram escravizados pelos sobas, o tornarem-se soldados fascinava-os. E muitas vezes faziam coisas que não deviam: iam às sanzalas e roubavam galinhas. Evidentemente que quando sabíamos, os castigávamos.
Acabámos por fazer o acampamento do Missombo que tinha na entrada uma frase de Mouzinho de Albuquerque: «Essas poucas páginas brilhantes e consoladoras que há na História de Portugal contemporâneo, escrevemo-las nós, os soldados, lá pelos serões de África com as pontas das baionetas e das lanças...» Também tínhamos também uma frase de um escritor militar chinês, onde se inspirou Mao Tsé-Tung, o Sun Tsu: «(..) Sejam mais rápidos do que o vento e tão misteriosos quanto a mata. Sejam destruidores como o fogo e silenciosos como as montanhas. Sejam impenetráveis como a noite e furiosos como o trovão (...)»
Os Flechas iniciaram-se com bushmen, mas depois começámos a tê-los já de outras etnias. Passou, depois, a pouco e pouco, a haver Flechas em toda a Angola. Quase todas as subdelegações da PIDE em zonas onde havia terrorismo passaram a formar os seus próprios Flechas. Os resultados foram sempre bons.
Fiz diversas operações com os Flechas. Algumas eram feitas com europeus, mas havia outrasem que só iam Flechas, bushmen, porque eram operações de longa duração em que se faziam reconhecimentos, nomadizações que os europeus e os pretos não aguentavam.

Quero também dizer desde já que as nossas Forças Armadas venceram a guerra de guerrilha em Angola. Em 1974 a guerra em Angola estava ganha.
O MPLA sabia-se sem qualquer hipótese de vencer, a UNITA era «nossa».
Também a guerra estava a caminho de se vencer na Guiné. Tenho provas disso.

4.
Quero destacar uma operação que foi feita com um indivíduo que mais tarde foi muito conhecido no Cuando-Cubango, o soba Matias – viria a morrer esfolado vivo após a independência por se recusar a arrear a bandeira portuguesa.
Apareceu-me na subdelegação de Serpa Pinto e que me disse: «Olhe, ispector, eu sei onde há, ali a norte do rio Cuvelai, uns acampamentos da UNITA. Os meninos estão fazer muita chatice, muita confusão. O senhor inspector dá-me uma espingarda que eu vai lá com o meu família...» E lá foi com a malta dele. Trouxe uma data de terroristas. Prendêmo-los e interrogámo-los. Muitos eram terroristas porque não poderiam ter sido outra coisa.
Não tinha problemas em pôr guerrilheiros capturados a colaborar connosco. Levavam uns tabefes, um «calorzinho». A PIDE não era propriamente uma organização de beneficência.
Como o resultado foi bom, propus ao Matias para ir ver se encontrava mais. Ele disse sim. Dei-lhe oito espingardas. O resultado foi tal que aquele homem limpou o terrorismo, a infiltração da UNITA. A norte do Cuando-Cubango, deixou de haver terrorismo da UNITA.
O Matias chefiou uma aldeia com mais de cinco mil pessoas. Todos os dias içava, com honras militares, a bandeira nacional e também o seu pendão, a Cruz de Avis.

5.
Estive em Moçambique em 1971 e 1972. O director
Silva Pais convocou-me e fui levado à presença do Ministro do Ultramar, Silva Cunha. Disseram-me para organizar os Flechas em Moçambique.
Talvez tivesse havido precipitação da nossa parte porque em Moçambique já existiam os Grupos Especiais (GE) e os Grupos Especiais Pára-Quedistas (GEP), que eram muito bons.
Verifiquei, nessa Província não ser premente a necessidade de organizar Flechas.
A minha actividade em Moçambique resumiu-se a detectar a penetração de terroristas da Frelimo feita a partir do Malawi, sobre a linha Beira-Tete, onde iam destruir a linha de caminho-de-ferro. Organizei a informação em Caldas Xavier, com incidência no Malawi, e um sistema de informação no Malawi. Sabíamos quase sempre quando eles punham as bombas no caminho-de-ferro.
Em Lourenço Marques e em Luanda, a PIDE tinha uma colaboração estreita com o Bureau of State Security (BOSS), sul-africano, hoje o National Intelligence Service (NIS). Também tínhamos uma boa colaboração com a South Afican Police (SAP). Interessava, porque a policia sul-africana estava dispersa em vários postos ao longo da fronteira para evitar a penetração da SWAPO, movimento que lutava pela independência da actual Namíbia.
Havia também colaboração com serviços equivalentes da Rodésia.
As Forças Armadas sul-africanas forneciam-nos, por vezes, helicópteros e meios aéreos.E estavam interessadas na UNITA, dado que a UNITA e a SWAPO trabalhavam em conjunto. Nós funcionávamos como uma espécie de tampão à SWAPO, que tinha de atravessar o Cuando-Cubango vinda das suas bases na Zâmbia. Por diversas vezes tivemos contactos com os terroristas namibianos. Numa dessas vezes fui ferido com um estilhaço na mão. Foi uma operação que fizemos em colaboração com os sul-africanos.

6.
No Cuando-Cubango, havia postos da PIDE em Serpa Pinto (sede), em Caiundo, Cuangar, Calai, Dirico, Mucusso, Rivungo, Cuito Cuanavale e Mavinga. Tínhamos a colaboração dos caçadores das três coutadas: Kirongozi, Luengue e Mucusso. Obviamente que estávamos em colaboração total com a tropa que tinha em Serpa Pinto um batalhão, uma companhia comandada pelo Vítor Alves, na N’riquinha, perto da fronteira com a Zâmbia, um pelotão reforçado na Luiana e meia dúzia de elementos em Mavinga.
Os comerciantes, os elementos da PSP, também faziam operações conjuntas com os Flechas. E, quando havia operações militares, os Flechas iam, ou um agente da PIDE com um flecha, que às vezes servia de intérprete.

7.
Estive ainda a chefiar a subdelegação de Carmona, após o que vim para Lisboa integrar a Secção Central dirigida por Álvaro Pereira de Carvalho.

8.
O 25 de Abril foi um golpe com a conivência de Marcelo Caetano.

9.
Penso que Portugal vai desaparecer.




Copyright © 1999 Óscar Aníbal Piçarra de Castro Cardoso



sexta-feira, 24 de abril de 2009

Enriquecimento ilícito

A bancada do PS na AR chumbou as propostas do PCP e do PSD para que o "enriquecimento ilícito" fosse considerado crime.
Entretanto, já havia aprovado dispositivos de sua lavra que permitem a qualquer funcionário do Fisco aceder às contas bancárias dos contribuintes, taxando a 60% proventos não justificados que tanto podem ter origem em fugas ao fisco, como no tráfico de droga, armas e outras ilicitudes economicamente rentáveis e decorrentes de actividade criminosa.
Ficamos, assim, a saber que o Estado, na prática, passa a ter uma quota-parte nesses negócios obscuros.
A recusa das propostas dos partidos da oposição que visavam a criminalização do enriquecimento ilícito baseia-se, segundo os parlamentares socialistas, na inconstitucionalidade deste dispositivo legal.
A dúvida, e algum espanto, que me invade é saber se o vasculhar da vida económica, no acesso às contas dos cidadãos contribuintes por parte dum qualquer funcionário administrativo, por mais digno que seja, mas dependente do Governo (que não Juiz), se enquadra nos desígnios constitucionais no que concerne aos direitos, liberdades e garantias dos cidadãos. E, mais, se permite que todos, mas todos, sejam quais forem os cargos que desempenhem na Sociedade, sabendo-se da dependência hierárquica destes funcionários, estejam sujeitos a essa devassa!
O "quem não deve não teme" neste espreitar das contas de cada um não é porta escancarada para todos os desmandos, sobretudo se os actos estiverem fora da alçada dos órgãos da Justiça num Estado que se proclama de Direito. O "enriquecimento ilícito", este sim, seria investigado sob a tutela dos órgãos de Direito, o que comporta substancial e relevante diferença!
Por tudo isto, sou levado a recuperar uma frase proferida por Marques Vidal em 2007, em entrevista a um jornal diário:

quarta-feira, 22 de abril de 2009

Chumbregâncias e Conchambranas...




... ou de como tudo se reduzia a cortar o mal pela raíz!

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Como se tratava o estupro em 1833
Veja como era a Lei "nos antigamente" aqui no Brasil

SENTENÇA JUDICIAL DATADA DE 1833 - PROVÍNCIA DE SERGIPE

"Ipsis litteris, ipsis verbis" - TRATA-SE DE LÍNGUA PORTUGUESA ARCAICA

PROVÍNCIA DE SERGIPE
O adjunto de promotor público, representado contra o cabra Manuel Duda, porque no mdia 11 do mês de Nossa Senhora Sant'Ana quando a mulher do Xico Bento ía para a fonte, já perto dela, o supracitado cabra que estava de em uma moita do mato, sahiu della de supetão e fez proposta a dita mulher, por quem queria para coisa que não se pode trazer a lume, e como ella se recuzasse, o dito cabra abrafolou-se dela, deitou-a ao chão, deixando as encomendas della de fora e ao Deus dará. Elle não conseguiu matrimónio porque ella gritou e veio em amparo della Nocreto Correia e Norberto Barbosa, que prenderam o cujo em flagrante. Dizem as leises que duas testemunhas que assistam a qualquer naufrágio do sucesso faz prova.

CONSIDERO:
QUE o cabra Manuel Duda agrediu a mulher de Xico Bento para conxambrar com ela e fazer chumbregâncias, coisas que só marido della competia conxambrar, porque casados pelo regime da Santa Igreja Cathólica Romana;
QUE o cabra Manuel Duda é um suplicante deboxado que nunca soube respeitar as famílias de suas vizinhas, tanto que quiz também fazer conxambranas com a Quitéria e Clarinha, moças donzellas; QUE Manuel Duda é um sujeito perigoso e que não tiver uma cousa que atenue a perigança dele, amanhan está metendo medo até nos homens.

CONDENO:
O cabra Manuel Duda, pelo malifício que fez à mulher do Xico Bento, a ser CAPADO, capadura que deverá ser feita na cadeia desta Villa.
Nomeio carrasco o carcereiro.
Cumpra-se e apregue-se editais nos lugares públicos.

Manuel Fernandes dos Santos
Juiz de Direito de Vila de Porto da Folha Sergipe, 16 de Outubro de 1833.

Fonte: Instituto Histórico de Alagoas

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terça-feira, 21 de abril de 2009

Por quem os sinos dobram...

AUSCHWITZ

Não me vou deter nas razões do conflito que se vem prolongando no tempo e que opõe Israel aos Palestinianos, nem tão pouco das motivações dos apoios que ambos os povos desavindos congregam em torno dos argumentos que assistem a cada uma das partes.
Hoje mesmo, o Povo Judeu, recorda e chora os seus seis milhões de homens, mulheres e crianças, vítimas da intolerância nazi, no decorrer da II Guerra Mundial.
E, enquanto alguns branqueadores dos momentos trágicos da História, desde um bispo a Ahmadinejad, passando por outros anti-semitas assumidos, desvalorizam e negam, em extremo, o Holocausto, os campos do extermínio, o testemunho vivo de sobreviventes, os relatos de fontes seguras e presenciais, são prova amarga da bestialidade nacional-socialista, esta sim, eivada de raivoso racismo.
Auschwitz foi o principal campo de morte, o símbolo macabro dessa selvajaria de há poucas décadas e, nas suas ruínas, ouvem-se ainda os clamores aflitivos das suas vítimas inocentes, o aviso e a revolta de quem recorda como nós, humanos, quando alienados por ideologias populistas e ódios gratuitos, nos podemos transformar em bestas sem alma, máquinas de autoritarismo e intolerância.
Porque, sem deixar de reconhecer os direitos de outros, todos os povos, admiro o Povo Judeu e nutro especial respeito pela memória dos seus ancestrais perseguidos, torturados e mortos, socorri-me de imagens das ruínas daquele campo de concentração captadas pelo João Taborda (http://viajandoevendo.blogspot.com), para prestar a minha singela homenagem àquele povo sofrido.


À posteriori, rectifiquei o link para o site do João Taborda, que é:

http://viajandoevendo.blogspot.com


domingo, 19 de abril de 2009

A opinião de Graça Franco...

... a propósito das pressões no caso Freeport:

Subjectiva ou reveladora?

>"Há episódios na política que nos mostram quanto a memória é curta. O caso das eventuais “pressões” sobre magistrados no caso Freeport é um deles.
Quem se lembrava que o actual ministro da Justiça fora demitido de director dos assuntos de justiça do Governo de Macau acusado de pressionar um juiz de instrução criminal num caso de peculato que, ao tempo, envolvia dois companheiros socialistas?
Aconselhava o bom senso que, com um passado assim, não voltasse o político a ocupar pastas na Justiça? E menos ainda a ser ministro? Talvez, mas a memória não resistiu a 21 anos de branqueamento. Eis a espantosa explicação do próprio sem ponta de remorso. A alegada pressão não passara de uma mera explicação técnica fornecida ao juiz para evitar que ele persistisse “no erro” de manter em prisão preventiva os dois acusados.

E Lopes da Mota? Alguém sabia o nome do magistrado acusado de fornecer a Fátima Felgueiras documentos do processo em que estava envolvida? Alguém suspeitava sequer que poderia ser ele o elemento de ligação entre a investigação britânica e portuguesa no caso Freeport? Um ex-secretário de Estado socialista? Aconselhava o bom senso que o político não tivesse regressado à sua actividade de magistrado? Talvez, mas a ninguém ocorreu manter viva a memória.

O país está doente e o diagnóstico aponta para um estado avançado da doença de Alzheimer. Só isto explica que, depois de condenado por corrupção, Domingos Névoa possa ter sido nomeado presidente de uma empresa municipal com aval unânime dos maiores partidos. Até aqui, foi precisa a pressão dos média para o próprio se lembrar do facto e… renunciar ao cargo."

sábado, 18 de abril de 2009

Moçambicanos



É surpreendente como naturais e ex-residentes de Moçambique, na sua esmagadora maioria, a residirem em Portugal há mais de trinta anos, continuam a fortalecer os elos que os uniram em destino comum.
Todos os anos, com especial incidência nos meses de Verão, ei-los que se juntam, que convivem, recordam tempos idos e renovam e reforçam amizades que nunca se chegaram a perder, apesar das vicissitudes por que a maioria se viu obrigada a passar.
Como alguém já disse, é "gente cinco estrelas", com sentimentos gregários...e com memória!

sexta-feira, 17 de abril de 2009

Sem eira nem beira

Anda pelo YouTube, um dos novos temas dos Xutos & Pontapés.
Ao que parece, estamos a voltar aos tempos das músicas de intervenção.
Porquê?........Pois!

Os Moliceiros...

... ou sargaceiros tiveram no passado uma intensa actividade na recolha do moliço da Ria de Aveiro.
Hoje, abandonado que está, na quase totalidade, o enriquecimento dos terrenos agrícolas com aquele fertilizante natural, estes típicos barcos mantém-se como um ex-libris da Ria e da Cidade a quem já alguém chamou de Veneza de Portugal.
O inevitável destino turístico daquelas pequenas embarcações costeiras vai-se cumprindo, sazonalmente, e são uma das atracções para os aveirenses e veraneantes que demandam as terras daquele delta do Vouga.
Para mais completa informação, nada como passar pelo blog do João Taborda, o autor das fotos, em:
http://viajandoevendo.blogspot.com/

quarta-feira, 15 de abril de 2009

Viagem medieval

Feira medieval
É só mais um conjunto de imagens, das belas fotos com que o meu amigo João Taborda nos vai brindando no seu site http://viajandoevendo.com.

O certame anual tem lugar em Santa Maria da Feira, uma terra que, de há uns anos a esta parte, tem primado pelo seu desenvolvimento a nível da Indústria e Comércio, a que sabe aliar uma forte componente cultural.
Revive a História recriando o "modus vivendi" das suas gentes medievais, à volta do secular castelo, o suporte monumental do tempo dos forais.

segunda-feira, 13 de abril de 2009

É muita gasolina!


Segundo um matutino, cada um dos seis administradores da GALP, de cujo leque faz parte o antigo ministro e autarca do Porto, Fernando Gomes, aufere por dia € 1817.
Sempre defendi que o mérito deve ser devidamente premiado, como reconheço que a inveja é uma das instituições nacionais. Como entendo que os bons quadros, comprovada que está a falência do modelo soviético, têm que ser bem pagos.
Não são esses princípios que quero pôr em causa, só que, como na vida, há limites para tudo.
Auferir num dia o que a esmagadora maioria dos trabalhadores deste País não ganha num mês de trabalho árduo, ultrapassa, com ofensivo despudor, os limites do razoável.
Sobretudo, quando sabemos que, em contra-ciclo, enquanto baixa o preço do petróleo, não raras vezes, os combustíveis continuam com custos que deslapidam os bolsos de consumidores individuais e empresas.
A serem credíveis estes números, estamos na presença de mais uma afronta, diria mesmo um ultraje a um povo que, de há muito, vem sendo sacrificado e depauperado por uma política de glutões sem alma e sem vergonha!

Com som do RCP:

sexta-feira, 10 de abril de 2009

As trombetas do Apocalipse




A primeira soou, estridente e festiva, nas fachadas da Rua do Ouro. Foi o maestro Vítor Constâncio quem agitou a batuta mediática.
A instituição estatal veio a público vangloriar-se da criação duma base de dados que congrega a informação acerca das responsabilidades de crédito dos clientes de bancos e outras instituições financeiras.
Sem que a medida, em si, mereça qualquer desmerecimento, ficámos a saber que aquelas entidades financeiras têm, a partir de agora, informação privilegiada dos débitos de cada cidadão que recorra ao crédito, uma ferramenta útil que o Banco regulador entendeu colocar à sua disposição.
Nada tendo contra tal iniciativa, justificável, até, tendo em conta o desmesurado endividamento de muitas famílias, cabe-nos interrogar quem, em concreto, dela beneficia. Não é difícil concluir que, mais do que os cidadãos devedores, são os próprios bancos, os especuladores financeiros, as Brancas da Era Contemporânea, quem colherá os melhores frutos da base de dados, precavendo-se do crédito malparado.
Seria bem mais afinado o toque desta trombeta se nos trouxesse a melodia nova de que o Banco de Portugal passou, de modo constante e regular, a fiscalizar, a supervisionar, as actividades das instituições de crédito e junto delas indagasse da legalidade da forma de muitos contratos, das taxas e custos abusivos, nas relações comerciais daquelas para com os seus clientes.
E que não permitisse que os bancos possam prosseguir nas suas actividades especulativas e criminosas como aquelas que era seu mister detectar em tempo útil e não detectou, não permitir e permitiu, por omissão.
Mais do que estes, são os contribuintes deste Estado que devem ser protegidos da voracidade dos glutões financeiros e não, preferencialmente, o contrário, o que, convenhamos, não é perseguido com a tão pomposamente anunciada base de dados dos devedores.

A outra trombeta, lúgubre e trágica, soou por terras de Itália, onde as forças da Natureza que o Homem não domina ainda, nem se prevê venha a dominar, provocaram centenas de vítimas e, numa visão apocalíptica, destruíram vidas e cidades.
Fenómenos naturais, a que não estamos, desgraçadamente, imunes, se recuarmos ao fatídico ano de 1755.
Mas, mais do que me deter nos contornos da tragédia transalpina, é a propósito do tão propalado "desaforo" de Berlusconi ao insinuar que os sobreviventes da catástrofe acolhidos em tendas estariam a passar uns dias acampados.
Caiu o Carmo, a trindade e a Torre de Pisa! Caíram-lhe em cima os comentadores de cá, os de lá, toda a plêiade de iluminados sempre atentos a estes sacrilégios verbais. Que o primeiro-ministro italiano é um homem desprovido de sensibilidade ou energúmeno.
E eu, que não nutro qualquer simpatia ou antipatia por tal personagem, não deixei de reflectir, sobretudo depois de saber do auxílio exemplar e dos meios de apoio que o governo italiano colocou, como era seu dever, ao serviço de apoio às vítimas e, mais uma vez, ter a sensação de que há frases que muita gente não entende ou, intencionalmente deturpa.
O meu entendimento foi de que o homem mais não pretendeu que minimizar o sofrimento dos desalojados, tentando confortá-los ou animá-los com uma "tirada" irónica pouco reflectida e menos conseguida.
É aí que está a diferença entre os que "falam" e os que "fazem". Entre os que "prometem" obra e os que apresentam "obra".
E Berlusconi, pelo que se vai sabendo, na reacção a esta tragédia, falou pouco e mal, mas fez, ao disponibilizar todos os meios de protecção à vítima.
Assim fosse por cá, nesta terras do Atlântico, onde os responsáveis até podem vir para as televisões chorar baba e ranho, em teatrais verborreias solidárias, debitando belas frases e eufemismos de circunstância, quando sabemos que, no terreno e na prática, os meios falham e as vítimas sofrem, na maioria das vezes, sem os apoios mínimos aconselháveis para cada situação calamitosa.
Habituámo-nos ao verbo fácil, à candura programada nas escolas da retórica e não passamos, afinal, de um povo de palavras, de fraseologia lírica, em que o que conta é dizer bonito e fazer nada.
Exemplo flagrante é o timoneiro da Região Autónoma da Madeira, que, passe o facto de lhe não apreciar o estilo, sempre que abre a boca, é crucificado. O homem não fala bonito, não tem retórica florida. No entanto, se alguém duvida da sua obra e do seu fazer, que sacrifique as férias no Brasil e passe uns dias na Madeira!
O facto é que estamos na Idade da Propaganda, do DIZER, e tardamos a dar o salto para a do FAZER.
São as trombetas a darem-nos música!

Páscoa Feliz!

Para os que acreditam em Cristo e, sobretudo, no seu exemplo e ensinamentos, mas, também, para os que não têm Fé. Para todos os que vêm mergulhando neste Vouguinha:


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segunda-feira, 6 de abril de 2009

O jovem Mon Ami


A jovem promessa de Futuro, o eterno Soares, no âmbito da Campanha para as Eleições Europeias, afirmou que Barroso é um rosto do passado.
O seu companheiro Vital leu-lhe o pensamento, ao defender que os socialistas devem ter o seu candidato ao cargo actualmente ocupado por Durão Barroso.
Tudo esclarecido: o nosso jovem Mário prefere que seja outro que não o "cherne" , ainda que estrangeiro.
Provavelmente, e de preferência, um qualquer maçon das terras de Mon Ami Miterrand!
Voilá, les Enfants de La Patrie!

Recriando o Passado...

... nas águas do Rio Douro!

Ninguém mais esclarecido do que o autor das fotos, o João Taborda para nos transportar ao tempo em que os rabelos sulcavam o Douro. Do seu blog http://viajandoevendo.blogspot.com:
"Todos os anos, no dia de S. João (24 de Junho), realiza-se no rio Douro uma regata de barcos rabelo. A "prova" começa na foz e a meta é na ribeira, junto à ponte de D. Luiz I. Os barcos pertencem a empresas produtoras de vinho do Porto, que antigamente os usavam (estes ou outros mais antigos) para transportar pipas de vinho desde as quintas no Douro até às caves em Vila Nova de Gaia. Actualmente estes barcos já não são utilizados para o transporte de vinho, vendo-se muitos deles atracados em Gaia "decorando" a margem e fazendo publicidade às diversas marcas. A regata é muito animada e disputada. Milhares de pessoas juntam-se nas margem para ver passar os barcos. O vento nem sempre ajuda... e esta é a única força que empurra os barcos..."

"

sábado, 4 de abril de 2009

Igrejas de Goa

Não é necessário ser-se católico para recordar os feitos dos portugueses que rasgaram os oceanos em busca de novas terras e com eles levaram a Lingua e a sua Fé. E deixaram marcos históricos que nos orgulham e causam nos actuais habitantes desses Povos a mesma admiração que provocam em nós as ruínas romanas e de outras origens, de povos que nos demandaram no Passado.
Sobretudo, quando os "Ministérios da Cultura" não o são só para uso do nome na estrutura governativa e zelam pela conservação do seu património histórico, como, a crer nas imagens recentes, fazem os indianos e a própria Igreja.
Se poucos motivos temos para nos revermos nos "novos" protagonistas da nossa História Contemporânea, que nos valha a satisfação por sabermos dos feitos dos nossos ancestrais.
Não cura........mas alivia.....

quinta-feira, 2 de abril de 2009

GC 2, Episódio 4, da série da RTP

Por aqui me fico...

... mas vou dizendo.


Como gosto de os ouvir! E como os entendo!

Já o meu avô dizia, na sua sabedoria popular: "nunca devemos beber do vinho, em cujas videiras alguém espalhou moléstia para vender o sulfato da cura"!